OPINIÃO

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As legislativas: a minha leitura

Opinião de Luís Sousa.

O PS teve a derrota mais pesada da sua história; O BE, a face visível da esquerda radical, que já estava em declínio, já tem um pé fora do hemiciclo; a CDU lá se vai aguentando; o CH teve um grande resultado e a AD reforçou a sua votação comparativamente às últimas eleições, aumentando a diferença, em votos e mandatos, em relação ao segundo partido mais votado.

Estava bom de ver que a moção de confiança apresentada por Luís Montenegro podia tornar-se num presente envenenado capaz de colocar em causa as aspirações e a carreira política de Pedro Nuno Santos, pelo menos no curto-médio prazo. As sondagens eram claras e era fácil perceber que o PSD não arriscaria a sua posição de liderança do governo se não tivesse a convicção de que estava a fazer um bom trabalho e que, por isso, ganharia facilmente qualquer eleição.

Chumbar a moção de confiança arrastaria o país para eleições, condenando o líder do PS a nova derrota eleitoral e ao fim do ciclo como líder do partido, independentemente da magnitude da derrota. Vi, então, muitos comentadores acusarem Luís Montenegro de conduzir o país para eleições, como se tivesse sido o PSD a votar contra a moção de confiança. Os mesmos comentadores que, agora, apontam o dedo a Pedro Nuno Santos por ter feito birra com o número de dias da CPI ao caso da Spinumviva e, assim, abrir caminho a esta sangria à esquerda.

A campanha do PS foi mesmo um vazio de ideias. A ânsia de explorar casos e casinhos foi a tática errada num jogo onde estavam condenados à derrota. Percebia-se, em Pedro Nuno Santos, a falta de chama e de crença, o ânimo esbatido, talvez reforçado pelas sondagens desfavoráveis que lhe iam apontando a porta de saída. Os grandes senadores do PS pouco se viram; a fragmentação do Partido, outrora unido, era visível. Os comentadores televisivos bem tentavam ajudar o líder do PS, reclamando-lhe vitórias fictícias nos debates, algumas com direito a goleada, quando ao eleitor era notório o seu contrário.

Sempre pensei que o crescimento do CH teria como efeito colateral, a perda de força da AD. Por isso, ao PS sempre interessou um CH mais forte que tirasse vigor ao seu principal adversário político, tornando difícil ao PSD disputar vitórias em legislativas. Enganamo-nos! O CH cresceu mas não foi à custa da queda da AD.

Quanto à discussão sobre quem fica com o papel de líder da oposição, saltam à vista as contradições do PS quando José Luís Carneiro afirma o seu partido como a “segunda força mais importante na relação de confiança com os Portugueses”, aludindo a que conta mais o número de votos do que o número de deputados. Assim não pensou o PS quando, em 2015, liderou um governo mesmo não sendo a força política mais votada. Bem prega Frei Tomás!

Diz o CH que acabou o bipartidarismo em Portugal. De certa forma, tem a sua razão. O PSD sempre foi visto como a alternativa ao PS e vice-versa e, agora, temos outra força política metida na discussão. Mas esta ideia de bipartidarismo é relativa pois as últimas décadas, foram quase de partido único. Se atentarmos aos últimos 30 anos, de 1995 a 2025, o PS foi governo durante 70% do tempo. No restante período, Durão Barroso nem aqueceu o lugar. A

o Santana Lopes, tiraram-lhe o tapete. Pedro Passos Coelho teve o trabalho mais difícil (e também mais heroico) gerindo o país com pinças depois de uma bancarrota. E que bem! Nem programa cautelar foi preciso e a casa ficou arrumada. Portanto, os próximos tempos serão importantes para dar ao PSD/CDS a oportunidade de governarem no tempo e no modus como há muito já não tinham. É importante que gozem do tempo necessário para implementarem o seu programa e mostrarem ao país que há caminhos diferentes do socialismo, com menos presença do Estado na economia e na vida das pessoas, mais apoio e incentivos à iniciativa privada, um alívio da carga fiscal sobre os rendimentos e sobre as empresas, não esquecendo, também, temas como a segurança, a defesa, o combate à corrupção e a imigração que os Portugueses sinalizaram como algo que deve, também, ser uma prioridade nacional.

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