António José Seguro apresentou a sua candidatura à Presidência da República como estando aberta a todos os democratas e marcou distâncias em relação ao PS. “Esta não é uma candidatura partidária, nem nunca será”, afirmou, perante as centenas de apoiantes que o foram ouvir ao Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha, acrescentando que, na sua ótica, “não há portugueses bons e portugueses maus, portugueses de primeira ou de segunda”.
No seu discurso, o antigo secretário-geral do PS disse ser guiado por “valores inegociáveis”, como a liberdade, igualdade, solidariedade, respeito pelo outro e seriedade, que apontou como “pontos cardeais” para um percurso rumo a “fazer de Portugal um país justo e de excelência”.
Realçando que não vem da política tradicional, apelou às pessoas que “estão fartas de promessas vazias, jogos partidários e discursos que nada resolvem”, dizendo-se “livre” e “sem amarras”. E apresentou-se como o protagonista da “candidatura das mulheres e dos homens progressistas” que pretendem um país “onde o futuro não emigra“ e “onde a política não se encontra separada da ética”.
Numa aparente comparação com outros candidatos e com o atual Chefe de Estado, Seguro defendeu que Portugal ”precisa de um Presidente que inspire confiança e estabilidade” e que “seja referência moral e não ruído mediático”. E que deve ser “árbitro respeitado, não jogador”; “facilitador de consensos, não gerador de clivagens”; e “sereno, não distante ou autoritário”.
Entre as suas causas, Seguro destacou a criação de riqueza, propondo-se a “promover os entendimento necessários para uma economia mais produtiva e sustentável, ligada ao trabalho digno”. Para tal, defende uma nova cultura política, baseada no diálogo e no compromisso, “afastando de vez a cultura da tribo e das trincheiras”.
O candidato presidencial deixou claro que não vê a revisão constitucional como uma prioridade, contrapondo-lhe, enquanto “projeto nacional mobilizador”, um pacto para a prosperidade, que envolva todos os partidos políticos, parceiros sociais e universidades.
No que toca à vigilância democrática, Seguro disse que Portugal “ganha quando não coloca todos os ovos no mesmo cesto”, apontando para a candidatura de Marques Mendes, apoiada pelo PSD do primeiro-ministro Luís Montenegro. E garantiu que, caso venha a ser eleito, “não existirão perguntas que fiquem por fazer”. Mais dirigida a Gouveia e Melo foi a parte do discurso na qual salientou que o “comandante supremo das Forças Armadas não pode ser visto nem pensado enquanto possuidor de um poder de comando direto”.
Entre as suas preocupações fundamentais, Seguro enumerou o compromisso com a justiça social e os Direitos Humanos, a defesa da democracia e do Estado de Direito, a abertura ao diálogo e à concertarão política, a valorização da cultura, da ciência e da duração como instrumentos do progresso, o compromisso com a solidariedade internacional e os direitos dos povos, pugnando pela paz na Europa e em Gaza, a aposta em políticas que valorizem a remuneração do trabalho e a clara afinação de uma classe média, e a defesa da participação de Portugal no centro da integração política europeia.
Falando do seu percurso, o candidato recordou que em 2007 liderou a reforma que se concretizou na realização de debates quinzenais com o primeiro-ministro e que em 2009 “sozinho me levantei para votar contra o Lei do Financiamento dos Partidos Políticos”. E não esqueceu a travessia voluntária do deserto que encetou depois de perder a liderança do PS para António Costa. “Afastei-me quando podia dividir. Volto agora para unir.”
A apresentação arrancou com a atuação de vários atores, um dos quais interpretou o artista Rafael Bordalo Pinheiro, ligado à cidade na vertente de ceramista. “Tal como António Jose Seguro, também eu, Rafael Bordalo Pinheiro, escolhi as Caldas da Rainha para viver”, disse o ator, pouco antes de a filha do candidato, Maria Seguro, se juntar à performance, com um apelo ao antigo secretário-geral do PS: “Enquanto não alcances, não descanses. De nenhum fruto queiras só metade.”
Entre os apoiantes da candidatura presentes no Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha estão o eurodeputado Francisco Assis, os deputados socialistas Hugo Costa (presidente da Federação de Santarém), Pedro Coimbra (presidente da Federação de Coimbra) e Pedro do Carmo. E também o antigo eurodeputado Carlos Zorrinho, candidato do PS à Câmara de Évora, os antigos ministros socialistas Adalberto Campos Fernandes e Alberto Martins; o presidente da SEDES, Álvaro Beleza; o antigo secretário-geral da União Geral dos Trabalhadores, João Proença; e o antigo presidente da Câmara de Lisboa, João Soares, filho do fundador e primeiro líder do PS.
Entre os apoiantes da candidatura presidencial de António José Seguro passou a constar o advogado António Rebelo de Sousa, irmão do atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. E o médico João Varandas Fernandes, antigo vice-presidente do CDS.
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Com Agências