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Violência sexual ligada à guerra na Ucrânia subestimada, indica relatório

A violência sexual ligada à guerra na Ucrânia está subestimada, nomeadamente a sofrida por homens, muitos dos quais guardam silêncio com medo de serem estigmatizados, indica um relatório divulgado esta quinta-feira.

O documento foi apresentado em Paris, no âmbito do Dia Internacional para a Eliminação da Violência Sexual em Conflitos, que se assinala esta quinta-feira.

É o resultado de um simpósio organizado em novembro, em Kiev, por três Organizações Não Governamentais, com o apoio do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês.

O evento reuniu vítimas, representantes da sociedade civil, juristas e decisores políticos, para identificar as lacunas na gestão dos problemas e propor soluções.

O número de casos registados desde a invasão russa da Ucrânia está abaixo da realidade, segundo o relatório, em que se apontam várias causas: estigmatização, medo de represálias, culpabilização e acesso limitado a justiça, especialmente nas zonas ocupadas.

Entre fevereiro de 2022 e agosto de 2024, a missão de observação dos Direitos Humanos das Nações Unidas na Ucrânia documentou 376 casos de violência sexual relacionada com o conflito, entre os quais 262 envolvendo homens.

Frequentemente expostos a violência (violação, nudez forçada e descargas elétricas nos órgãos genitais) durante a detenção, os homens são normalmente relutantes em falar, mesmo com pessoas próximas.

“Reconhecer uma violação pode levar a uma forma de ostracismo ou de piedade tão extrema que se torna insuportável”, relatou no documento Oleksy Syvak, que fundou uma rede de apoio às vítimas masculinas, como ele.

“A crença generalizada de que os homens devem parecer sempre fortes e nunca mostrar fragilidade intensifica o sofrimento, quando são incapazes de corresponder a esta imagem”, acrescentou.

No Livro Branco, com cerca de 40 páginas, refere-se que a legislação ucraniana evoluiu no bom sentido nos últimos anos, mas que muito há a fazer a vários níveis.

Recomendam-se, por isso, campanhas de sensibilização, melhor formação dos profissionais em contacto com as vítimas, mais coordenação a nível jurídico e a deslocação de unidades móveis especializadas para as zonas rurais perto de combates ou recentemente libertadas.

ovilaverdense@gmail.com

Com MadreMedia

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