Um casal de Vila Verde, natural de Marrancos, avançou com diversas queixas à GNR, ao Ministério Público e à Ordem dos Advogados, alegando que uma advogada da comarca vilaverdense e uma alegada amiga, natural de Loureira, os terá burlado. Segundo as acusações de Arménio Sequeira e Ana Bela Sequeira, as duas terão lucrado sobretudo à custa de ouro e dinheiro do casal, causando um prejuízo já avaliado em cerca de 500 mil euros.
Ana Bela Sequeira conta que a amiga, natural da freguesia da Loureira, ficou com as suas peças de ouro, ao passo que a advogada cobrou «honorários exorbitantes». Quanto à última, há um processo disciplinar no Conselho de Deontologia da Ordem dos Advogados, no Porto.
Tudo começou quando este casal se separou durante um ano, altura em que as mulheres, as alegadas burlonas, se terão aproveitado da fragilidade da situação. Entretanto, o casal já se reconciliou e, assim, apercebeu-se da “desonestidade” da amiga da mulher e da advogada, o que deu origem às queixas.
DINHEIRO PARA O JUIZ
A advogada, a exercer em Vila Verde há 15 anos, está a ser acusada pela mulher, Ana Bela Pereira Sequeira, de, em conjunto com a alegada amiga, que é doméstica, a terem convencido a vender um automóvel e peças de ouro para «pagar» ao «juiz de Vila Verde».
O «juiz» é referido pela advogada em mensagens com Ana Bela Sequeira. «A senhora advogada vendeu por 7.500 euros um automóvel, com 50 mil quilómetros, que o meu marido tinha comprado por 20 mil euros pouco tempo antes, assim como muitas peças de ouro, porque a senhora advogada exigia-me, sempre, cada vez mais e mais dinheiro, dizendo-me sempre que ‘o dinheiro seria para depositar ao juiz’, mas descobri que nem tão pouco nada foi entregue ao juiz, nem nunca a advogada me devolveu o dinheiro, ou sequer parte das verbas que eu lhe entreguei», conta a mesma.
Ana Bela, devido às mensagens enviadas pela advogada, pensou que o seu processo de inventário «só andava para frente, porque na ocasião ainda estaria parado no Tribunal Judicial de Vila Verde, se pagasse milhares de euros para a advogada ‘pagar’ ao juiz de Vila Verde», refere.
Na acusação, o casal de Marrancos tem como testemunhas dois advogados, um com o escritório em Vila Verde e o outro em Braga, que apontam que a advogada vilaverdense recebeu «muito dinheiro» e «nem sequer intentou nenhuma das duas ações judiciais para as quais foi contratada, factos que só veio ter conhecimento em final de 2024».
Na queixa, Ana Bela Sequeira diz que a nota de honorários foi «sendo apresentada verbalmente nas várias consultas agendadas» e, por isso, transferiu «os valores, sem questionar», «confiando na advogada» e pensando que os mesmos seriam «reais e justos». «Pensei que tinha de pagar sempre uma taxa sempre que apresentava uma peça processual», confessa.
Decorre, agora, uma queixa no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) do Ministério Público, no Palácio da Justiça de Vila Verde, contra a advogada vilaverdense. A par disso, o casal de Marrancos pede o procedimento disciplinar contra a causídica vilaverdense, pelo Conselho de Deontologia do Norte da Ordem dos Advogados.
MARIDO TAMBÉM SE QUEIXA
Arménio Lopes Figueiredo Sequeira confirma as acusações de Ana Bela Pereira Sequeira e refere que o prejuízo causado será de cerca de meio milhão de euros. «Nós como casal, tivemos uma zanga, tudo verbal, mas foi completamente ultrapassado, só que como houve uma queixa por violência doméstica, várias pessoas aproveitaram-se da situação e durante o ano em que eu e a minha mulher estivemos separados sacaram todo o dinheiro que puderam», refere.
«O que elas queriam, quer a advogada de Vila Verde, quer a falsa amiga da minha mulher, era que eu fosse mesmo preso, à custa da queixa da violência doméstica, pois assim ainda conseguiam sacar mais e mais dinheiro à Ana Bela», acusa ainda.
«O que me valeu em grande parte, na recuperação dos prejuízos, foi ter o posto da GNR de Prado recuperado grande parte do ouro que as duas obrigaram a minha mulher a vender», destaca. «Agradeço o esforço da GNR de Prado, bem como da GNR de Vila Verde, que têm sido incansáveis com as suas investigações», completa ainda.
«De resto, imaginem, andei depois a comprar outra vez o mesmo ouro que a minha mulher tinha vendido numa ourivesaria de Vila Verde, assim como automóvel Smart que a advogada vendeu e eu fui outra vez comprar a um stand, na cidade do Porto. Essas duas mulheres ‘chuparam-nos’ tudo o que podiam, ando agora a recomeçar a minha vida, com ajuda dos meus advogados, João Araújo da Silva, de Vila Verde, e Luís Sepúlveda Cantanhede, de Braga, assim como empresários aqui de Vila Verde que me conhecem como homem de trabalho e me estão a ajudar para eu levantar novamente as minhas atividades comerciais», finaliza.