Estão, esta quinta-feira, cerca de duas dezenas de pais em protesto em frente ao Agrupamento de Escolas Vale do Tamel, em Barcelos, depois do diretor decidir não permitir a renovação de matrícula no 12.º ano de dois alunos autistas.
Os dois jovens, com 18 e 19 anos, por falta de respostas na sua região, ficarão em casa a partir de agora. Uma vez que não podem estar sem supervisão e apoio, um dos pais terá de deixar de trabalhar.
«É de lamentar a enorme falta de sensibilidade do diretor do agrupamento, que, ainda por cima, é professor de Religião e Moral», afirma Sofia Cruz, mãe do aluno de 19 anos.
Segundo a mesma, o seu filho está, há cinco anos, inscrito para uma vaga num centro de atividades e capacitação para a inclusão (CACI).
«Contava que a escola deixasse o meu filho ficar mais um ano, mas o diretor disse-me que não há a mínima hipótese, que a escola não é a resposta para estas situações e que não quer abrir precedentes. Mas a verdade é que já houve um precedente», aponta.
O movimento Pais em Luta tem como porta-voz Jorge Castro que acusa a decisão do diretor como «discriminatória», pois, numa escola do concelho vizinho de Esposende, há alunos nas mesmas circunstâncias a quem foi garantida a renovação de matrícula no 12.º ano pela quarta vez.
«Os nossos filhos não são ‘precedentes’, são seres humanos com necessidades especiais, e os recursos aparecem quando a necessidade assim o exige», sublinha.
A 12 de junho, pais de crianças e jovens realizaram outra manifestação em frente à Segurança Social de Braga contra a falta de vagas no CACI pela região.
Jorge Castro entrou em greve de fome, terminando na mesma noite, depois do Instituto da Segurança Social garantiu a criação de 60 vagas em Esposende em «curto espaço de tempo, entre seis meses a um ano».
«Por um ano, se houvesse o mínimo de sensibilidade, o Agrupamento de Escolas Vale do Tamel não podia acolher mais dois alunos?», vincou, acrescentando que é «lamentável» que o Estado «atire para o desemprego pais trabalhadores, para cuidar dos seus filhos com necessidades especiais».
Nas mãos dos pais, há cartazes com frases como “Dignidade para os nossos filhos”, “Somos pais, queremos trabalhar”, “A deficiência não se esconde” e “Respeito pelo cidadão portador de deficiência”.
Alípio Barbosa, diretor do agrupamento, não falou aos jornalistas.
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Com Jornal de Notícias