O ex-director da Polícia Judiciária Milita, o coronel Luís Vieira, afirmou, esta sexta-feira, que o Presidente da República lhe terá «garantido» que falaria com a ex-Procuradora-Geral da República, depois das suas queixas sobre a direcção do inquérito ao furto de Tancos.
Interrogado pelo deputado do PSD, Rui Silva, que afirmou «não está a ver o Presidente da República a dizer que ia falar com a Procuradora» sobre o assunto, o ex-director da Polícia Judiciária Militar respondeu ter «dezenas de testemunhas».
Após ser ouvido na Comissão Parlamentar de inquérito, Luís Vieira acusou a ex-Procuradora Geral da República, Joana Marques Vidal, de ter cometido «uma ilegalidade» ao retirar a direcção do inquérito à Polícia Judiciária Militar, estando em causa «crimes estritamente militares que ficaram por investigar».
O ex-director nacional da Polícia Judicial Militar revelou ainda que, na tarde do dia 3 de Julho, falou com o então ministro da Defesa Nacional sobre o assunto, Azeredo Lopes, que lhe terá dito para «aparecer» em Tancos no dia seguinte, pois iria convidar o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a visitar aquela infra-estrutura.
Depois da visita, houve uma «reunião na casa da guarda» na qual, conforme Luís Vieira, o Presidente da República lhe perguntou sobre o andamento das investigações.
Tendo em conta o decorre das investigações, «não podia dizer nada», mas, afirmou Luís Vieira, perante «dezenas de testemunhas», que disse a Marcelo Rebelo de Sousa que estava preocupado com a posição da Procuradora Geral da República sobre a direcção do inquérito, que considerou «ilegal, e que o fez com insistência».
NOTA DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
Finda a audição, a Presidência da República publicou uma nota no seu site, apontando que, tal como o Presidente da República já «disse várias vezes», no final da visita a Tancos «o então Ministro da Defesa trouxe para junto de si o então Director da Polícia Judiciária Militar».
Durante a audição, o coronel Luís Vieira contou que Marcelo Rebelo de Sousa respondeu que «ia falar com a Procuradora-Geral da República e deu um conselho ao ministro da Defesa para falar com a sua colega ministra da Justiça».
«Eu partilhei com o Presidente da República do meu estado de alma com a decisão da Procuradora Geral da República ter violado três leis da Assembleia da República, na interpretação que eu faço, e insisti muitas vezes (no assunto) ao Presidente da República».