Terminou esta semana e sem uma única proposta o leilão que promoveu a venda do edifício do EIMinho em Soutelo.
Aquele espaço que foi em tempos a menina do olhos da governação, então liderada por José Manuel Fernandes, era visto como um ninho para a promoção de negócios inovadores, para a incubação de empreendedores e para a estimulação o gosto pelo risco (que foi, aliás, único objectivo alcançado mas pelas piores razões! )
Porém, lá apenas se incubaram ilusões e prejuízos que são, no fundo, um bom exemplo do modo como se (des)governa o município.
Erguendo a bandeira do empreendedorismo, que é usada sempre que queremos pilhar fundos comunitários, foi criada uma associação de direito privado – que é o mecanismo usado para escapar ao escrutínio público garantindo a opacidade que estes negócios carecem – para a prossecução daqueles objectivos.
Foi, então, enviado o Dr. Rui Silva ( sim, o deputado) para negociar o terrenos em Soutelo para instalar o sonho. O ditos terrenos custaram cerca de 300 mil euros e foram transferidos como capital para aquela associação conferindo ao município uma posição dominante.
Para órgãos sociais daquela associação e de modo acautelar os interesses do município foram nomeados para a Assembleia Geral Manuel Dias Barros, substituído em 2017 por António Mota Alves e para a direcção, como vogais, foram nomeados José Ismael Lopes Graça em 2005, sucedido por Adelino Duarte Machado em 2014, que ocupou o honroso lugar até à “morte” da associação.
A partir de então foi sempre a cair. O município assumiu o papel de morto que se limitou a “assistir alegremente” aos diversos passos que levaram à bancarrota daquela instituição, mostrando-se sempre incapaz de inverter o caminho…
O município nada fez perante os indícios de fraude na obtenção de fundos comunitários que o Ministério Público encontrou nem tão pouco quanto à decisão que impediu aquela associação de aceder a fundos comunitários por irregularidades nas candidaturas apresentadas. A mesma inércia manifestou o município parente a insolvência de diversos parceiros e ainda quanto à entrada de novos membros da associação. E o município continuou a fazer de defunto perante a falta de liquidez que determinou a inevitável insolvência e liquidação do activo.
Acabamos nesta fase por descobrir (para adensar o ridículo de todo este processo) que o edifício – onde se sediou a dita associação da qual fazia parte o município e há muito inaugurado – não tem, sequer, licença de utilização!
Mas o que gera maior espanto (e não menos indignação ) é a reação do executivo municipal à insolvência declarando, então, o Sr. Presidente da Câmara que desconhecia a dimensão do problema!!
Bem sabemos que se tem abatido sobre os portugueses que têm a missão de fiscalizar e acautelar o interesse público uma amnésia selectiva sobre os factos que reclamavam a sua fiscalização. Os mais impolutos portugueses, desde banqueiros a ministros, têm revelado este síndrome atroz.
Desejo, contudo, que todos aqueles que representaram o município naquela instituição estejam imunes àquela maleita e possam explicar ao Vilaverdenses o que por lá se passou …