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Potencial de aquecimento global aumentou 6,9% em Portugal

Em 2017, o potencial de aquecimento global aumentou 6,9% em Portugal, superando o crescimento económico, de acordo com dados divulgados esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE).

Os resultados confirmam, assim, uma tendência que se faz sentir desde 2015. Indicam que, no ano em análise, os três indicadores mais importantes para “a avaliação dos efeitos ambientais dos vários gases emitidos pelos ramos de actividade e pelas famílias” subiram: o potencial de aquecimento global (6,9%), o potencial de acidificação (1,4%) e o potencial de formação de ozono troposférico (1,3%). Já a actividade económica, medida pelo valor acrescentado bruto (VAB), subiu “em termos reais, 3,3%”, lê-se no documento.

Em 2017, as emissões de gases de efeito estufa atingiram 68,4 milhões de toneladas de equivalente de CO2. O potencial de aquecimento global aumentou, mas embora se encontre abaixo dos valores observados em 2005, os mais elevados desde 1995, inverteu a tendência descendente registada entre 2006 e 2014. “Este aumento resultou fundamentalmente do incremento das emissões de dióxido de carbono (CO2) em 8,4%”, aponta o gabinete de estatísticas nacional.

Segundo o INE, o ramo de actividade que mais contribuiu para este aumento foi o da energia, água e saneamento (30,8%). E tem uma explicação para isso: “O ano de 2017 foi classificado como extremamente quente e seco, o que teve reflexos na produção de energia hídrica, particularmente em comparação com 2016, que foi um ano normal em termos de precipitação. Esta situação aumentou a necessidade de produção de electricidade a partir de combustíveis fósseis (nomeadamente do carvão, cujo consumo voltou a subir, e do gás natural) e, naturalmente, gerou mais emissões de potencial de aquecimento global, entre outras”.

Francisco Ferreira, da associação ambientalista Zero, admitiu ao Público que já contava com estes dados negativos para 2017, uma vez que “foi realmente o ano de pico de emissões”.

“Tivemos uma situação de seca que nos levou a recorrer mais às centrais a carvão e a gás natural para a produção de energia e tivemos também uma área ardida acima dos 500 mil hectares, o que significou uma enorme componente de emissões. Todo o carbono que estava retido nessa floresta foi passado à atmosfera. Além disso, há a acrescentar a recuperação económica. No pós-crise estamos a aumentar ligeiramente as nossas emissões, apesar das medidas de investimentos nas renováveis, etc,”, apontou.

O ambientalista diz também que não tem dúvidas de que “vai haver uma enorme diferença” quando forem conhecidos os dados de 2018 e deste ano. “Basta olharmos para a produção de electricidade e para as áreas ardidas nestes anos [muito mais pequenas]”, diz.

Entre 2008 e 2017, a emissão de CO2 por unidade de VAB, que integra o conjunto de indicadores de monitorização dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável, decresceu 11,2% em Portugal. Já na média dos 28 países da União Europeia, houve um decréscimo de 21,3% do mesmo indicador.

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