A deputada, agora “livre”, Joacine Katar Moreira apresentou há dias uma proposta de alteração ao Orçamento de Estado 2020 que pretendia catalogar o conjunto de obras, objetos e património existentes nos museus portugueses que foram trazidos ao longo da história das antigas colónias portuguesas. A medida visava dar cumprimento à proposta 11.11 do programa eleitoral do livre que se intitula “Descolonizar a Cultura”. Considera o Livre que seria importante dar corpo a esta medida de forma a que esses mesmos objetos, depois de catalogados, pudessem ser “restituídos ou reclamados pelos Estados e comunidades de origem”.
No programa do antigo partido de Joacine, a palavra História (utilizada como sinónimo de História de Portugal) surge por três vezes e sempre com o foco no passado colonialista em Portugal de que, aparentemente, o Livre se envergonha. No capítulo Igualdade, Justiça Social e Liberdade, ponto 6 – Combater o racismo estrutural e a xenofobia – o partido propõe a revisão dos currículos escolares para que “não reproduzam uma versão acrítica da História de Portugal, baseada numa mitologia colonial que não reconhece as violências perpetradas sobre outros povos e culturas, e estimulando o pensamento crítico sobre o passado colonial português e europeu”. No capítulo Educação, ponto 9 – Garantir que a escola é um instrumento transversal de igualdade e de justiça social – o partido reinsiste na importância de “descolonizar a História” para que “não perpetue os estigmas e não continue a enfatizar a mitologia colonial, reconhecendo as violências perpetradas sobre outros povos e culturas”. E, por fim, no capítulo Cultura e Arte, ponto 11 – Descolonizar a Cultura – o Livre propõe uma nova contextualização da história de Portugal nos museus, exposições, performances e materiais didáticos para que seja “estimulada a visão crítica sobre o seu passado esclavagista, colonial e de violências perpetradas sobre outros povos e culturas”. Em suma, o Livre envergonha-se da nossa História. Parecem, até, neste ponto, bastante repetitivos, insistindo sempre na mesma ideia e recalcando o passado colonialista português como algo que deve, unicamente, merecer o nosso repúdio, como se fosse tudo mau! É caso para dizer que o Livre vê apenas o lado vazio do copo, o lado mau dos descobrimentos portugueses, o ponto alto da História de Portugal que mereceu o orgulho dos portugueses ao longo dos tempos, historiadores e até dos nossos mais consagrados poetas como Camões ou Fernando Pessoa: “E ao imenso e possível oceano / Ensinam estas Quintas, que aqui vês / Que o mar com fim será grego ou romano: / O mar sem fim é português.” Eu orgulho-me da nossa História!