O provedor da Santa Misericórdia de Vila Verde, Bento Morais, anunciou, esta quinta-feira, o corte de relações institucionais com o vereador Patrício Araújo, por se sentir desrespeitada na sequência da uma tomada de posição do autarca.
«A Santa Casa sente-se profundamente ofendida e após esta atitude, não nos resta outra alternativa a não ser cortar relações institucionais com o mesmo. É a primeira pessoa com quem a instituição suspende relações em mais de 20 anos que levo como provedor, mas a sua posição é de todo intolerável», pode ler-se num comunicado.
«Não permitimos que venha insultar e pôr em causa o bom nome da Santa Casa da Misericórdia de Vila Verde e das centenas de colaboradores que, com muito trabalho e dedicação, têm elevado o nome de Vila Verde», acrescenta.
No comunicado, o provedor diz ter sido contactado pelo delegado de saúde e demonstrado disponibilidade para ceder a Residencial Martins para acolher os utentes do Lar do Trabalhador da Vila de Prado.
«Hoje mesmo, passadas menos de 24 horas, depois de visita ao local, pelas 10h30, as autoridades de saúde transmitiram-nos verbalmente que o mesmo reunia as condições para receber os utentes do Lar da Vila de Prado. Solicitaram-nos, ainda, que o mesmo pudesse ser utilizado por outros lares do concelho, caso tal se venha a verificar necessário, ao que nós respondemos afirmativamente», sublinha.
«Lamentavelmente, o vereador Patrício Araújo decidiu emitir um comunicado com afirmações e insinuações insultuosas para com a nossa Instituição. Numa das suas afirmações mais insidiosas diz que lhe “causa repulsa que possa haver aproveitamento de pessoas idosas, numa situação de dependência, sofrendo de uma patologia contagiosa, serem tratadas de forma desigual e não idêntica aos demais utentes do Hospital e dos Lares da Misericórdia”», refere.
COMUNICADO NA ÍNTEGRA:
«Enquanto Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Vila Verde venho informar a comunidade Vila-verdense do seguinte:
1. Ontem fui contactado pela Delegação de Saúde de Vila Verde no sentido de saber se a Misericórdia dispunha de instalações capazes de albergar os utentes do Lar do Trabalhador da Vila de Prado, já que existe um surto de COVID-19 naquele lar e não havia onde os realojar;
2. Informamos a referida Delegação de que tínhamos todas as nossas instalações de internamento cheias, e que o único espaço disponível seria a Residencial Martins, habitada até final de Janeiro pelos proprietários. Aliás, este é um espaço que temos identificado para ser usado pelos nossos utentes, numa situação de contingência provocada pela pandemia.
3. De imediato, informamos que cediamos este espaço para acolher os utentes do Lar em questão, apenas para que pudessem proceder à desinfeção do Lar de origem, retoranando os utentes àquele Lar após desinfeção, bastando para tal que as autoridades de saúde verificassem se ele dispunha das condições necessárias para o efeito;
4. Hoje mesmo, passadas menos de 24 horas, depois de visita ao local, pelas 10h30, as autoridades de saúde transmitiram-nos verbalmente que o mesmo reunia as condições para receber os utentes do Lar da Vila de Prado. Solicitaram-nos, ainda, que o mesmo pudesse ser utilizado por outros lares do concelho, caso tal se venha a verificar necessário, ao que nós respondemos afirmativamente
5. Num espírito de entre ajuda mútua, temos colaborado com as autoridades de saúde e com a câmara municipal, na pessoa do senhor presidente de câmara. Destas parcerias têm surgido soluções para diversos problemas, nomeadamente nesta fase crítica que vivemos.
Lamentavelmente, o vereador Patrício Araújo decidiu emitir um comunicado com afirmações e insinuações insultuosas para com a nossa Instituição.
Numa das suas afirmações mais insidiosas diz que lhe “causa repulsa que possa haver aproveitamento de pessoas idosas, numa situação de dependência, sofrendo de uma patologia contagiosa, serem tratadas de forma desigual e não idêntica aos demais utentes do Hospital e dos Lares da Misericórdia”.
Esta afirmação põe em causa a Instituição e todos os seus trabalhadores. Ninguém nesta Instituição trata de forma diferente quem quer que seja.
Só que Santa Casa da Misericórdia tem todos os seus lares ocupados a 100% e, como tal, não pode albergar mais ninguém.
Quanto à possibilidade dos idosos do Lar do Trabalhador serem colocados no Hospital, o senhor vereador parece manifestar uma enorme ignorância. Mas considerando que ele é um profissional da área de saúde não se tratará de ignorância mas antes má fé para com a Instituição. Ele tem obrigação de saber que segundo as normas nacionais de internamento em hospitais privados e sociais, como é o nosso, só através da saúde 24 ou de encaminhamento de hospitais públicos .
Quem sabe como pode e deve funcionar a Misericórdia são os seus órgãos de gestão. Não é o sr. vereador que, em vez de se meter onde não é chamado, deve preocupar-se em exercer de forma isenta a sua função, sem politiquices.
Duas notas finais:
1. Nesta fase de pandemia Covid-19, como aliás em muitas outras alturas e em muitos outros assuntos de interesse comum para o concelho, a colaboração entre Câmara e Misericórdia, tem permitido elevar os níveis de prestação de serviços a todos os Vila-verdenses. A colaboração entre o Provedor e o Sr. Presidente da câmara, em todas as vertentes, tem-se pautado pela correção e pelo respeito mútuo. Apesar deste triste episódio, continuaremos a colaborar com a câmara municipal de Vila Verde, na pessoa do Sr. Presidente Dr. António Vilela.
2. Quanto ao vereador Patrício Araújo, a SCMVV sente-se profundamente ofendida e após esta atitude, não nos resta outra alternativa a não ser cortar relações institucionais com o mesmo. É a primeira pessoa com quem a Instituição suspende relações em mais de 20 anos que levo como Provedor, mas a sua posição é de todo intolerável. Não permitimos que venha insultar e pôr em causa o bom nome da Santa Casa da Misericórdia de Vila Verde e das centenas de colaboradores que, com muito trabalho e dedicação, têm elevado o nome de Vila Verde».