O PCP de Braga considera que a decisão da Bosch de entrar, a partir desta quinta-feira, em lay-off total “é um exemplo maior do caminho que não deve ser seguido durante o actual surto epidémico” e “vírus do ataque aos direitos dos trabalhadores” . Por isso, os comunistas vão questionar o Governo sobre o recurso à lay- off por parte da multinacional alemã bem como dos apoios financeiros por parte do Estado à empresa.
Em comunicado ao PressMinho, a Direcção da Organização Regional de Braga, (DORB) do PCP afirma que “não pode deixar de denunciar tal medida numa empresa que tem tido um grande crescimento e acumulado muitos milhões de euros de lucros, e mesmo assim tem seguido uma política de retirada de direitos dos seus trabalhadores”.
“Mais uma vez realidade demonstra-nos que sectores do patronato, em particular as grandes empresas, estão a aproveitar a actual situação para levar mais longe a exploração tendo como único objectivo a acumulação do lucro”, sustenta.
Os comunistas recordam que em 2018, na sequência de uma pergunta dirigida pelo PCP ao ministro de Negócios Estrangeiros, ficou a saber da atribuição pelo governo um incentivo financeiro à Bosch, no valor máximo de 12 milhões de euros, com a condição de ser concedida uma isenção de reembolso de até 50%.
Considerando que o recurso ao lay-off, por parte de grandes empresas como a Bosch, “serve apenas para garantir a acumulação de lucros empurrando os custos desta epidemia para os trabalhadores”, o PCP recusa que o acesso a essa medida “sirva para salvaguardar os lucros dos accionistas à custa de cortes nos salários dos trabalhadores e da rapina de fundos das Segurança Social”.
VÍRUS CONTRA DIREITOS
Para os comunistas, as medidas de contenção e prevenção da covid-19 devem garantir a manutenção dos postos de trabalho sem que isso implique perda de salário para os trabalhadores. Nesse sentido, defendem que “seja assegurado o pagamento integral dos salários aos trabalhadores de empresas cuja actividade está suspensa, devendo ser criados os mecanismos específicos com esse objectivo, utilizando meios financeiros a disponibilizar pelo Orçamento do Estado”.
“É certo que vivemos tempos de grande complexidade e de incerteza em resultado da epidemia do Covid-19, que exigem medidas de prevenção, de alargamento da capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde e de protecção no sentido de reduzir e minimizar os seus impactos na saúde e na vida dos portugueses, não é menos verdade que a par deste vírus enfrentamos um outro, também ele de dimensões e consequências imprevisíveis, o vírus do ataque aos direitos dos trabalhadores e do aumento da exploração”, concluem.
“Mais uma vez realidade demonstra-nos que sectores do patronato, em particular as grandes empresas, estão a aproveitar a actual situação para levar mais longe a exploração tendo como único objectivo a acumulação do lucro”, conclui o PCP.
Recorde-se que os 3.500 trabalhadores da fábrica de Braga da Bosch entram em lay-off a partir desta quinta-feira, por um período de 11 dias.