O futuro do centro histórico de Braga foi o mote do debate promovido pelo Bloco de Esquerda (BE) onde se discutiram as preocupações e os anseios dos todos os que vivem, trabalham e estudam nesta zona da cidade.
Segundo Maria Manuel Oliveira, arquitecta e docente universitária, Braga “é a cidade com mais automóveis per capita do país”. Esta “invasão automóvel” não se verifica noutras cidades, que têm vindo a adoptar formas de dissuasão do transporte automóvel no centro. O que falta na cidade é um plano estratégico coerente e participado de mobilidade, que inclua todas as formas e que seja o resultado de uma discussão pública e de um pensamento consistente e informado sobre que cidade queremos ter”.
Esta invasão automóvel, adiantam os bloquistas, é evidente na hora de ponta e coincidente com os horários de funcionamento das escolas localizadas no centro, “não se resolve com mais lugares de estacionamento no centro, segunda esta arquitecta”.
“Aliás, Braga é das cidades que mais lugares de estacionamento tem, não só na superfície como no subsolo. O plano estratégico tem de integrar parques de estacionamento na periferia, transportes públicos de qualidade e frequentes, e outras formas de mobilidade e até de carsharing (partilha do automóvel entre várias pessoas que trabalham nos centro da cidade)”, defende o BE.
RUÍDO E GENTRIFICAÇÂO
A relação entre os habitantes e a restauração foi levantada por um grupo de moradores, que afirmaram que “não estão contra os restaurantes e bares abertos até às duas da manhã”, mas gostariam de ver mais fiscalização de modo a que ruído terminasse a essa hora de modo a permitir o descanso.
Manuel Carlos Silva, docente de Sociologia, referiu a acelerada gentrificação do centro histórico, o que significa a substituição dos moradores actuais por outros com mais posses, num processo especulativo acelerado. Deste dilema deu também conta Alfredo Ribeiro, morador do centro e eleito pelo Bloco de Esquerda em S. José de S. Lázaro, que testemunhou o abandono do centro histórico pelos habitantes de há gerações.
A “cidadania interventiva e capaz de travar acções que colocam em causa a qualidade de vida dos habitantes da cidade” foi demonstrada por Luís Tarroso Gomes, do movimento cívico de defesa da Rua 25 de Abril, que com manifestos e providências cautelares, conseguiam provar que a superfície comercial que está implementada viola o PDM e todos os requisitos definidos para o efeito.
Os deputados municipais do Bloco, António Lima e Alexandra Vieira, vão levar estas preocupações à Assembleia Municipal, reforçando a urgência de uma visão política e estratégica sobre a cidade, consensual o mais possível, discutida e com escolhas assumidas.
“É importante que as decisões deixem de ser extemporâneas e desarticuladas e ao sabor dos interesses privados e especulativos, comprometendo o centro histórico que se pretende que seja de todos e não apenas dos mais ricos, dos turistas e dos automóveis”, defendem.
com FG (CP 1200)