“Não os detivémos por não sabermos se era ou não um assalto! E só dois dias depois é que se concluiu que tinham furtado o banco Santander de Braga”. Foi esta a explicação ontem dada ao Tribunal por dois militares da GNR para o facto de terem visto três homens, a sair, na madrugada de 23 de junho de 2018, de uma casa com vários sacos de lona que carregaram num BMW.
Ricardo Martins e José Araújo disseram – segundo vários juristas presentes na audiência, realizada à porta fechada – que vigiavam três arguidos, o Joaquim Fernandes, o Luís Miguel Almeida e o Vítor Pereira, tendo visto sair da casa – sita na Rua de São Gonçalo e que estava em obras – os dois primeiros, que eram esperados pelo Vítor.
O local foi usado pelos arguidos para se introduzirem no Santander, pelas traseiras, onde serraram as grades do cofre e furtaram, entre bens e dinheiro, quatro milhões de euros.
A GNR só se apercebeu que houve furto, quando o banco o comunicou, dois dias depois. A partir daí, o inquérito passou a ser feito sob coordenação da Polícia Judiciária.
Na sessão, vários advogados de defesa, inquiriram as duas testemunhas, numa tentativa de demonstrar que o processo tem apenas prova indiciária, com vigilâncias e interceções telefónicas, já que, na maior parte dos assaltos, os arguidos não foram apanhados no local.
Na ocasião, foi, ainda, abordado o caso de um assalto a uma vivenda em Mire de Tibães, também observado e vigiado pelos dois gnr’s, os quais não detiveram os arguidos “por razões de estratégia da investigação”, ou seja, para que viessem a ser detidos posteriormente, por todos os furtos cometidos como veio a acontecer.
Em julgamento, estão nove homens – quatro em prisão preventiva e um em domiciliária – e uma mulher, por assaltos ao Santander e a dez vivendas. Eles estão acusados de associação criminosa e furto qualificado, e a mulher, companheira de um deles, apenas por furto.
O grupo está acusado pelo MP de furtar 4,7 milhões, em dinheiro e bens, (sem contabilizar a moeda estrangeira), em dez assaltos a casas e ao Santander, em Braga, Ponte de Lima, Arcos de Valdevez e Viana do Castelo.
ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA
O caso envolve o agente da PSP Carlos Alberto Alfaia, na altura em Ponte de Lima, que dava informações, a troco de dinheiro, sobre as casas a assaltar.
O MP calcula que, só do banco três arguidos levaram 2,6 milhões em dinheiro e 400 peças de 52 cofres. Ao todo, quatro milhões. Entre os lesados, com casas assaltadas e carros furtados, estão o empresário Domingos Névoa, o cantor limiano Delfim Júnior, e o médico e antigo atleta do Sporting de Braga, Romeu Maia. A investigação foi da GNR e da PJ/Porto.
O MP considera que o mentor da “associação criminosa” é o arguido) e Rui Jorge Dias Fernandes (Braga).
O grupo engloba, ainda, Paulo Sérgio Pereira, (irmão do Vítor), de Famalicão, Mário Fernandes, de Braga, Cristiana Guimarães, de Braga, André Filipe Pereira, de Famalicão, e Manuel Oliveira Faria, de Braga.
Terá atuado “desde 2017 e até Junho de 2018. Utilizava recursos tecnológicos sofisticados, como inibidores de telecomunicações e de alarmes, gps’s, clonadores de chaves eletrónicas de automóveis e instrumentos para neutralizar cães de guarda.