Se iniciarmos uma viagem a partir do rio Minho e terminarmos em Vila Real de Santo António, onde desagua o rio Guadiana, facilmente percebemos que somos, de facto, um país de reduzidas dimensões. Começamos por ser um pequeno Condado, o Portucalense, doado por D. Afonso VI de Castela ao Conde D. Henrique, pai do emblemático Conquistador, o D. Afonso Henriques e nosso primeiro rei. Tornamo-nos país independente em 1143 e, fruto da ambição deste homem, e de outros que a ele sucederam, não paramos de crescer em território, ao longo dos séculos seguintes, com a conquista do Algarve aos Mouros, por D. Afonso III, e com a descoberta dos arquipélagos da Madeira e dos Açores, já no século XV, às quais podemos acrescentar todo um império colonial construído por esse mundo fora que hoje (e ainda bem) são pertença dos povos anteriormente colonizados, mas que nos permitiram deixar um legado português nos quatro cantos da Terra, através de um vasto património histórico, cultural e religioso, do qual destaco a nossa língua portuguesa que hoje é a quinta mais falada em todo o mundo.
Somos cerca de 10 milhões espalhados por um território de 92 mil quilómetros quadrados. Consideramo-nos pequenos em tamanho e somo-lo. É um facto. Porém, a grandeza de um país não se mede ao metro quadrado e, por isso, podemo-nos orgulhar do enorme património que fomos edificando no território ao longo da nossa história. Infelizmente, devido à pandemia, dados do Instituto Nacional de Estatística indicam uma quebra no setor do turismo superior a 80%. Porém, anteriormente, Portugal vinha recebendo, de ano para ano, cada vez mais turistas. Por isso, também já não me surpreendiam títulos de jornais como “Nunca Portugal teve tantos turistas” (Jornal de Negócios, 16/08/2016) ou outros semelhantes. Se centrarmos as nossas atenções no norte do país, percebemos bem o peso que tem o turismo em cidades como o Porto ou Guimarães. A primeira foi até, em 2017, considerada o melhor destino europeu do ano e a segunda tem conhecido um incremento notório de visitantes, demonstrando uma vocação turística cada vez mais pujante e para a qual, parece-me, o sucesso demonstrado na organização da Capital Europeia da Cultura que, em 2012, terá contribuído marcadamente.
Quando vejo tantos estrangeiros a valorizarem o que é nosso, pergunto-me se nós, Portugueses, temos noção do quão rico e vasto é o património histórico, natural, religioso e cultural. Pergunto-me, aliás, se nos interessamos devidamente por esse mesmo património. Sinto que, sobretudo nas gerações mais novas, a vontade de conhecer o mundo para lá das nossas fronteiras supera o gosto por explorar o nosso rico país. E assim, vamos esquecendo e perdendo a oportunidade de conhecer muitas cidades e vilas com um legado natural, histórico e cultural que merecia muito mais da nossa atenção. Que estes tempos de pandemia sejam uma oportunidade para explorarmos e conhecermos o que é nosso. Afinal de contas, para quê ir tão longe se, aqui bem perto, temos tanto por explorar!