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Num sábado de Verão no Outono, Esposende recolhe a casa em maré de incerteza

Quando um quase Verão agarra um dia Outono, está feito o convite a um passeio junto ao mar. Mas nesta tarde sábado, toda a marginal de Esposende está deserta de gente. Sobram gaivotas.

Não fossem os dois amigos discutir política (“Não entendes que se o Costa proibir o congresso do PC, o Jerónimo faz cair o Governo?!”), a maré faria ouvir-se na Igreja Matriz, como só acontece nos dias de tormenta.

Não querem entrevistas, porque “bem, para ser sincero não devíamos andar na rua”. Adiante.

Mais adiante, no centro da cidade, as ruas são das poucas mulheres que entram em pequenas lojas, dois dedos de conversa, e saem de sacos com fruta, legumes ou carne. Esposende é uma cidade feminina neste sábado, 21 de Novembro, o segundo de recolher obrigatório a partir das 13 horas. Já no anterior, eram os tacos dos tacões delas que se faziam ouvir, apressados por que chovia.

Há excepção de Gonçalo, 11 anos, Tomás, de 4, filhos de Susana Guimarães, de 42 anos, e do primo Bruno, de 13, não se veem crianças, muito menos no parque infantil em forma de nau, interditado desde o início da pandemia da covid-19.

A técnica de diagnóstico Anabela Monteiro garante que nos oito anos que vive em Esposende “nunca vi uma coisa assim”. “Esposende sem pessoas na rua, nem em dias de muita chuva!”.

“Vivemos dias de muitas incertezas –será que as restrições vão dar resultado, será que também serei contagiada?. E incerteza provoca medo”, a diz, num quase desabafo, olhando uma rua 1.º de Dezembro vazia, uma das artérias mais conhecidas da cidade.

Também Maria Soares, “quase 90 anos” do alto da janela, vê a sua rua sem vivalma.

“Que Deus tenha piedade de nós, menino”, atira ao repórter.

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