Bem perto da árvore de Natal colocada pelo município, outra chama a atenção de quem passa estes dias pelo centro histórico de Braga. Já lhe chamam a ‘árvore do protesto’ por exibir, não as tradicionais decorações da época mas um conjunto de reivindicações da CGTP-IN.
Em nota ao PressMinho, a União de Sindicatos de Braga (USB) explica os objectivos da árvore: “evidenciar a necessidade de valorização dos trabalhadores e a garantia dos seus direitos” e demonstrar que “o ónus da pandemia e suas implicações recai sobre os trabalhadores”.
Um salário mínimo de 850 euros, a criação de carreiras específicas e salários dignos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), pensões e reformas dignas, o aumento dos funcionários nas escolas públicas e os cuidados aos mais idosos – “mais afectados com esta pandemia” -, o horário de 35 horas semanais e a justiça fiscal são algumas das reivindicações que enfeitam a árvore sindicalista.
Na nota, a USB afirma que no sector social a ajuda aos trabalhadores no contexto da pandemia da covid-19 “não se traduziu em medidas valorizadoras dos seus trabalhadores”.
“Pese embora todos os apoios extraordinários concedidos, seja através de subsídios a fundo perdido para aquisição de materiais de protecção e prevenção, seja pelo pagamento integral dos valores dos acordos de cooperação mesmo em situações em que os equipamentos encerraram e os trabalhadores ficaram em lay-off”, diz, acrescentando que o patronato argumenta que “não pode aumentar condignamente os seus trabalhadores”.
“A crescente falta de investimento, observada ao longo dos últimos anos nos Serviços Públicos, tem resultado na deterioração das funções sociais do Estado, numa política indiscriminada de transferência de competências para o Sector Social, numa precariedade sistemática empregue às relações laborais subsistentes e, na generalidade, numa política desmotivante de baixos salários”, denuncia a USB
“É inequívoco que as políticas seguidas não têm sido as melhores, fragilizando sobremodo os serviços prestados aos cidadãos”, resume.
ATAQUE AO SNS
“A decisão de recorrer aos sistemas privados de saúde, negociando os cuidados de saúde a prestar aos cidadãos, é mais um ataque ao Serviço Nacional de Saúde mascarado com a “excepcionalidade do momento””, sustenta, sector a que a nota dá particular relevo.
A USB refere ainda que o Governo “foi demonstrando, que as situações de excepcão ocorrem sem condição de regularidade, intensidade e conhecimento; e, por isso mesmo, dotar o Serviço Nacional de Saúde de condições que permitam fazer face à excepção, sejam de que ordem for, é o mínimo que se poderia exigir”.
“A criação de carreiras específicas e salários dignos, que sejam atractivas e possibilitem uma merecida estabilidade aos trabalhadores, colmataria grandemente a desmotivação que acaba, não raras vezes, com a evasão dos trabalhadores para outras áreas de actividade ou, como temos assistido, na mesma área, mas num país diferente”, lê-se na nota.
As últimas decisões do Governo, remata a USB, “não deixam de ser reveladoras duma intenção de manter as políticas de desinvestimento, continuando a teimar em não assegurar no futuro melhores condições para os seus trabalhadores e, por inerência, uma melhoria nas condições sociais para os seus cidadãos”.