Desde que, em fevereiro de 2020, a Organização Mundial da Saúde nomeou a COVID-19 como a doença resultante da infeção pelo vírus SARS-CoV-2 se percebeu que o caminho mais promissor para conter a pandemia seria através do desenvolvimento de uma vacina.
Para se compreender como funcionam as vacinas convém conhecer-se o funcionamento do nosso organismo no momento em que contrai uma infeção. As infeções são causadas por microrganismos, como bactérias ou vírus, que, quando entram no nosso corpo, multiplicam-se originando um estado de doença. Nessas circunstâncias, o nosso corpo reage à infeção através do reconhecimento da presença de um microrganismo estranho e desenvolve uma resposta imunológica através da produção de umas proteínas, denominadas anticorpos, que vão combater a infeção. As vacinas, basicamente, funcionam fazendo com que o nosso corpo desenvolva anticorpos contra o microrganismo para o qual a vacina foi produzida, fazendo com que, quando somos infetados, tenhamos a capacidade de combater e neutralizar essa infeção, impedindo a doença.
O desenvolvimento de vacinas, assim como de medicamentos, obedece a critérios rigorosos de eficácia e segurança, progredindo através de vários estádios de avaliação em etapas que ocorrem de forma sequencial (estudos pré-clínicos, ensaios clínicos de Fase I, Fase II e Fase III).
As vacinas contra o SARS-CoV-2, tal como todas as outras, passaram pelo mesmo processo de avaliação da eficácia e segurança e todos os resultados dos estudos foram revistos por médicos e outros cientistas que não trabalham para as empresas farmacêuticas que produziram as vacinas. É verdade que o desenvolvimento destas vacinas contra a COVID-19 acelerou a um ritmo sem precedentes na história da ciência. O conhecimento anterior relacionado com vacinas para o SARS-CoV-1 e para o MERS-CoV (outros vírus da família dos coronavírus) permitiu atalhar caminho e, por outro lado, os apoios estatais, nomeadamente americano, à indústria farmacêutica, permitiram canalizar esforços e recursos para o desenvolvimento mais célere da tão desejada vacina.
Almejar a imunidade de grupo sem o recurso a uma vacina, só se conseguiria se muitas pessoas contraíssem a infeção, algo que seria perigoso e altamente letal pois, apesar da maioria dos infetados não sofrer de doença grave, muitas pessoas acabariam por ficar gravemente doentes e as consequências em termos de perdas de vidas humanas seriam gravíssimas. Por isso, o caminho passa, necessariamente, pela vacinação. Esta é a nossa janela de esperança. A vacinação reduz o risco de infeção e, mesmo contraindo a infeção, a vacina, muito provavelmente, evitará que se desenvolva doença com gravidade. Não sabemos se a vacinação impede a transmissão do vírus a outras pessoas, por isso, para já, mesmo após a vacinação, deveremos manter os cuidados há muito preconizados, incluindo o distanciamento social e o uso de máscara. A pandemia só será controlada quando desenvolvermos a imunidade de grupo. Quantas mais pessoas forem vacinadas, mais dificilmente o vírus de disseminará na comunidade e, portanto, mais rapidamente poderemos todos voltar à nossa vida normal.