O dinheiro do Estado vai sempre para os mesmos: as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto. Quem o afirma, ainda que por outras palavras, é o autarca de Braga, Ricardo Rio.
“Infelizmente, mais uma vez o PRR– Plano de Recuperação e Resiliência – vulgo bazuka – está muito orientado para as duas áreas metropolitanas”, lamentou, esta segunda-feira, durante a reunião de Câmara.
Rio afirmou ao Vilaverdense/PressMinho que a Câmara vai exigir a inclusão do projecto do metro de superfície, através do sistema BRT (Autocarro Rápido de Transporte), – gizado há quatro anos pelo bracarense perito em transportes Batista da Costa – no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que o Governo pôs à discussão pública.
Por isso, desafiou os três vereadores socialistas a associarem-se à Câmara na exigência de que o projecto do BRT seja incluído no Plano. O pedido teve a imediata anuência de Artur Feio, do PS, o qual pediu que lhe seja entregue o respectivo dossier, para que o PS/Braga possa contactar o Governo.
No final, Ricardo Rio disse que o BRT custará entre 150 e 200 milhões de euros, montante de que o Município não dispõe, sendo, por isso, inviável sem fundos europeus.
“Além da inclusão do BRT no PRR, que tem se ser executado até 2025, vamos pedir que, no novo Quadro Comunitário 2020/2030, se faça a ligação entre Guimarães e a futura estação do comboio de Alta Velocidade – a construir a norte de Braga -, com passagem pela cidade”, adiantou.
CENTRO DE TRANSPORTES
O tema da mobilidade foi debatido na reunião, dado que foi a votação o Regulamento de funcionamento da Central de Camionagem, agora chamado Centro Coordenador de Transportes, estrutura que passou para a Câmara em finais de 2020.
O socialista Artur Feio defendeu que, dada a grande degradação em que o edifício se encontra, é preciso uma intervenção de fundo.
Feio disse que “não basta mudar o nome à estrutura, tornando-o pomposamente como Centro Coordenador, sendo necessária a feitura urgente de obras, dado o estado miserável das casas de banho e a degradação de todo o interior, incluindo da zona de comércio”.
Bárbara Barros, do PCP, disse que a mudança de gestão – que estava entregue pelo IMT (Instituto da Mobilidade e dos Transportes) à empresa Transdev – pode pôr em causa o emprego de alguns trabalhadores que operavam na gestão e manutenção do espaço, pelo que pediu “cautela” na implementação do Regulamento para que não haja despedimentos.
Perguntou se havia alguma possibilidade de a autarquia ‘assumir’ alguns desses funcionários, já que vai precisar deles, tendo Ricardo Rio dito que, a exemplo do que sucedeu com o fim da concessão de estacionamento da ESSE, não há possibilidade de a Câmara ‘ficar’ com os trabalhadores.
CENTRAL MODAL
O edil salientou que será construído um outro Centro Modal de transportes junto à futura estação ferroviária do comboio de alta velocidade, mas mantendo-se a ‘Central’ actual, em funcionamento.
Sobre o assunto, a vereadora Olga Pereira, a quem cabe a gestão do espaço, esclareceu que se está a tentar esboçar um documento com a situação actual, em termos de lojas, gabinetes, bilheteiras e áreas profissionais dado que não foi encontrado o projecto de arquitectura inicial de 1970. Só depois disso é que será possível avançar para um novo plano de recuperação.
Sobre o estacionamento nocturno de autocarros no recinto exterior, adiantou que será cobrada uma taxa e revelou que um outro parque de estacionamento, nas traseiras do antigo Convento do Pópulo, será disponibilizado para o efeito, mediante o pagamento de uma avença.