A Câmara de Braga reagiu esta terça-feira sobre o pagamento de 86 mil euros ao dono da empresa que atribui o prémio de ‘Melhor Destino Europeu’, alegadamente para comprar reconhecimentos turísticos internacionais. O ‘caso’ foi mesmo avaliado pelo verificador de conteúdos Poligrafo.
Em comunicado enviado às redacções, a autarquia, presidida por Ricardo Rio, afirma que na sequência das “inenarráveis declarações” do ex-presidente da Associação de Hotéis do Algarve “foram vários aqueles que procuraram cavalgar tal menção para atacar e denegrir a cidade”, ao sugerir “expressa ou implicitamente” que o mesmo tinha acontecido com o reconhecimento de Braga como Melhor Destino Europeu em 2021.
Recorde-se que a Cidade dos Arcebispo ganhou, em Fevereiro, a distinção de European Best Destination 2021 (Melhor Destino Europeu), com quase 110 mil votos, batendo por 31 mil Roma (Itália), a segunda classificada (Roma), e urbes como Paris, Viena, Florença, Capri e Capadócia, resultado que surpreendeu muita gente.
No “esclarecimento público”, lê-se que o município “nunca teve qualquer hesitação em tornar públicos os termos em que participou na competição do European Best Destination e os contratos públicos celebrados com esta plataforma, o seu proprietário e todos os parceiros e fornecedores”.
“A inscrição em tal competição europeia foi feita por aquisição de contratação pública, de forma transparente, correcta e honrosa, tendo a mesma um custo de dezasseis mil oitocentos e trinta euros, tal como foi transmitido ao município, e que ocorre com quaisquer cidades portuguesas ou europeias que se queiram candidatar a este prémio”, explica a Câmara.
O mesmo aconteceu, recorda, em 2019, quando Braga “acabou por se classificar como 2.º melhor destino, pela eleição dos cidadãos europeus votantes na referida competição”, mas “com um valor inferior”.
“Após conhecer o resultado da competição deste ano de 2021, em que Braga se sagrou, orgulhosamente, Melhor Destino Europeu, decidiu-se, à luz deste resultado, fazer uma campanha nacional e internacional de promoção do destino Braga, antecipando a retoma económica no pós-confinamento”, acrescenta o esclarecimento.
TRANSPARÊNCIA
Para a autarquia, esta campanhas “reforçaram a visibilidade do nome de Braga no país e em todo o mundo”, sobretudo “nos meios de comunicação da especialidade e internacionais como o caso da Lonely Planet, Forbes, Traveler, entre muitas outras, mas também com presença física em outdoors por todo o país”, o que custou aos cofres do município “quase 150 mil euros, incluindo a promoção na própria plataforma do European Best Destination, que foi contratada por cerca de 70.000 euros”.
O esclarecimento sublinha que “todas estas contratações foram feitas de forma transparente e clara, publicadas no portal Base da contratação pública que qualquer entidade ou pessoa poderá consultar”.
Lembra que “foi compromisso do executivo municipal reinvestir todas as verbas inerentes à taxa turística na promoção da cidade, aumentando ainda mais o impacto das políticas de promoção já antes realizadas”.
“Segundo uma análise de Media Value, realizada pela Cision e referente apenas às duas primeiras semanas após a atribuição do título a Braga, só em meios nacionais, este valor ultrapassava já um milhão e novecentos mil euros de retorno”, avança.
“Braga é hoje, e continuará a ser, gostem ou não, uns e outros, uma cidade dinâmica, vibrante e um exemplo, que continuará a seguir na linha da frente do melhor que temos em Portugal”, assegura.
“RIDÍCULO”
Em relação os que “procuraram cavalgar tal menção para atacar e denegrir a cidade”, a autarquia afirma que “e fácil reconhecer dois grupos diversos”, mas “convergentes nos seus objectivos”.
“Para os primeiros, se Lisboa ou Porto são reconhecidas internacionalmente, é um acto de justiça para com os seus méritos próprios. Se Braga conquista exactamente o mesmo reconhecimento, é porque cuidou de ‘comprar’ a organização e manipular o processo”, exemplifica, acrescentando que esta “é uma narrativa fácil, recorrente, com múltiplos reflexos em omissões mediáticas e injustiças na gestão pública, que só torna mais difíceis, mas igualmente mais saborosos os triunfos que colectivamente alcançamos neste território”.
Ainda a este primeiro grupo, e “pegando no mote que os adeptos do Sporting Clube de Braga utilizaram perante o mesmo tipo de cenário na sua realidade específica”, a Câmara bracarense salienta que “só podemos dirigir a estes uma mensagem clara e simples: vão ter que contar connosco”.
Quanto ao segundo grupo, afirma que “o ridículo que transparece da sua frustração com os sucessos do concelho é a melhor ilustração da falácia dos seus argumentos: Braga é Melhor Destino Europeu? Foi comprado. Braga está em terceiro lugar na qualidade de vida do Eurobarómetro da União Europeia? Foi comprado. Braga está em terceiro lugar na qualidade de vida no questionário da DECO Proteste? Foi comprado. Braga está no top das cidades mundiais que mais progrediram no combate às alterações climáticas? Foi comprado. Braga recebe a bandeira verde da ABAE? Foi comprado. Ricardo Rio está nos finalistas do World Mayor? Foi comprado”.
E acrescenta: “a lista é quase tão infindável quanto os reconhecimentos que Braga, o município, o executivo municipal e os bracarenses receberam ao longo dos últimos anos, em todos os domínios da nossa vida colectiva”.
“Como dizia o Senhor Presidente da República na mensagem de apoio à candidatura de Braga a melhor Destino Europeu, “Votar Braga, é votar Portugal”, e Braga continuará a dar o melhor de si, a todos os Bracarenses e em prol de Portugal”, conclui o esclarecimento.