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Um cigarro por dia: É prejudicial?

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Por Luís Sousa
Médico

Segundo a Organização Mundial de Saúde, durante o século XX, o tabagismo foi responsável pela morte de 100 milhões de pessoas, números que podem ascender aos 1000 milhões durante este século, caso não haja um controlo efetivo desta pandemia.

Atualmente, há cerca de 1 bilião de fumadores em todo o mundo, com uma prevalência superior nos países mais desenvolvidos, adição que compromete 49% dos homens e 11% das mulheres.

No que toca a Portugal, segundo dados do último Inquérito Nacional de Saúde, a prevalência de consumo de tabaco, em 2014, na população residente com 15 ou mais anos, cifrou-se nos 20%, valor que ainda é significativamente elevado e que, portanto, justifica todas e quaisquer medidas de saúde pública para fazer face a esta realidade.

Sabemos que o tabaco contém vários milhares de compostos químicos, muitos deles que contribuem para doença humana. Todos sabemos também que fumar é a primeira causa evitável de doença, incapacidade e morte prematura nos países mais desenvolvidos.

Sabe-se hoje que, a nível mundial, tem aumentado a percentagem de fumadores de 1 a 5 cigarros por dia, prevalência que entre 2009 e 2014 passou de 18,2% para 23,6% do total de fumadores. A grande maioria desta população acredita que é relativamente seguro fumar esta quantidade de cigarros diariamente.

Constato isto na minha consulta quando questiono os meus doentes sobre os hábitos tabágicos. A ideia é generalizada e quase todos consideram não haver risco de doença nestas circunstâncias, ou então consideram que o risco de doença é proporcional ao número de cigarros que fumam. Ideia errada!

Segundo um estudo publicado em 2018 na prestigiada revista científica British Medical Journal, um fumador de 1 cigarro por dia tem um risco 65% superior de ter doença coronária comparativamente com um não fumador, valor que aumenta para 72% se fumar 5 cigarros por dia e para 134% se fumar um maço por dia.

Se falarmos no acidente vascular cerebral, o risco no fumador de 1 cigarro por dia é 52%, aumentando para 63% no fumador de 5 cigarros por dia e para 90% no fumador de 20 cigarros diários.

Demonstra-se, assim, que não há uma relação linear entre o risco de doença coronária ou acidente vascular cerebral e a quantidade de cigarros fumados diariamente.

Os fumadores de 1 a 5 cigarros diários têm um risco de doença coronária e de AVC substancialmente elevado e, portanto, não é um hábito inócuo para a saúde, ao contrário do que muitas pessoas possam pensar.

Com este artigo, pretendo passar a mensagem de que não existe um nível seguro para a saúde em termos de hábitos tabágicos, razão pela qual o ideal é deixar de fumar, ao invés de apenas reduzir o seu consumo.

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