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Assembleia Municipal com mais polémica e presidentes de Junta a abandonar a sala

A Assembleia Municipal de Vila Verde desta quinta-feira foi (mais) um capítulo de uma polémica anunciada. António Vilela, Martinho Gonçalves e Carlos Arantes voltaram a ser os protagonistas. E houve presidentes de Junta a abandonar a sala enquanto o socialista falava.

Num período de antes da ordem do dia em que a líder da bancada do CDS-PP, Cláudia Pereira, renovou os apelos ao pragmatismo, ao respeito e ao foco de todos na resolução dos problemas do concelho, foi a longa intervenção de António Vilela, em resposta às várias questões colocadas, a provocar uma forte reacção de Martinho Gonçalves.

«O senhor presidente da Câmara esteve a falar durante 40 minutos, passou grande parte desse tempo a atacar um adversário [o Governo] que não está aqui para se defender. Fidel Castro fazia discursos de hora, nós estamos a caminhar para lá», criticou.

Antes, Vilela lembrara que «a Câmara se substituiu ao Governo» na execução de algumas obras, casos da extensão de saúde da Portela do Vade ou a requalificação das EB 2,3 de Vila Verde e da Vila de Prado, mas que mesmo assim tem enfrentado «alguns obstáculos».

Sobre as obras na extensão de saúde do Vade, disse que «passou-se a ideia de que se estava a tentar fechar aquela valência, mas o que está a acontecer é precisamente o contrário».

«Se aquela extensão tivesse uma inspecção quanto as condições, corria o risco de fechar. A culpa seria do Ministério da Saúde. Não sei se a estratégia do Ministério da Saúde não seria mesmo essa. Nós estamos a procurar contrariar», apontou.

No caso das escolas, a autarquia «está à espera que o Estado faça o cabimento do valor, cerca de 75 mil euros, para que o Tribunal de Contas possa dar o visto».

«Os organismos centrais estão tranquilos, não querem muito saber se em Vila verde há médicos de família para todos, se há centros de saúde ou não, se há escolas ou não. Nós é que temos que nos preocupar com isso», vincou.

RESPOSTA INFLAMADA

Martinho Gonçalves não gostou do que ouviu e reagiu ao seu estilo, num tom inflamado, contrapondo as palavras de António Vilela e dizendo que aquele não era o local indicado para o autarca tecer críticas ao Governo.

A Assembleia reagiu, aumentou o burburinho, lançaram-se vários comentários, Carlos Arantes foi pedindo que o líder da bancada socialista fosse «conciso» e «concreto» e acabou por se gerar uma acesa troca de palavras entre os dois.

Nesta altura, vários presidentes de Junta, maioritariamente afectos ao PSD, abandonaram a sala, num claro sinal de protesto perante um ambiente cada vez mais tenso.

«Já percebi que o PSD não gosta do que falamos. É bom sinal. É sinal que estamos a falar coisas que estão a doer», atirou Martinho, garantindo que o PS está «disponível para trabalhar em conjunto».

Vilela regressou ao púlpito. Garantiu que não atacou nenhum Governo e que se limitou a responder a questões levantadas pela Assembleia, «dizendo a verdade». «Não sou de adocicar as coisas», apontou.

Logo depois, Martinho Gonçalves voltou à carga sobre Carlos Arantes, desagradado com a forma como o presidente da mesa da Assembleia Municipal dirige os trabalhos.

«Interrompeu-me várias vezes. O presidente da Câmara falou de tudo o que quis menos do que interessava e o senhor presidente [Carlos Arantes] esteve calado. Isso marca uma etapa no relacionamento institucional entre a bancada do PS e a mesa da Assembleia», vincou.

ARANTES PEDE REFLEXÃO

Antes de terminar a sessão, esta mais curta do que as anteriores, já depois de analisados e votados por unanimidade os dois pontos da ordem de trabalhos, Carlos Arantes deixou uma «nota de reflexão».

«Quando aceitamos concorrer foi com o princípio de suportar o melhor que temos para os interesses de Vila Verde. Temos que ter respeito pelos outros, urbanidade, saber estar e, acima de tudo, ter disciplina. Este plenário tem regras, estatutos, disciplina e um regimento», lembrou.

E garantiu estar atento, deixando um “remoque” a presidentes de Junta «que assinaram o livro de ponto e foram embora».

«A mesa não tem interesse em cortar institucionalmente com quem quer que seja», frisou.

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