O ex-líder da Juventude Popular, Francisco Mota, que recentemente se demitiu de vogal da Comissão Política Nacional do CDS-PP, acusando o presidente do partido, Francisco Rodrigues dos Santos, de ser “um escravo” e fazer “de tudo para manter o poder pelo poder”, veio este domingo a público para assegurar que a “a minha paixão por Braga continua intacta e o compromisso com os bracarenses inviolável”.
Em carta aos bracarenses, através de nota às redacções, Francisco Mota escreve que “não guardamos rancor nem ódio àqueles que de forma tão desleal perturbaram o nosso caminho. E se mesmo não comungando da sua forma de estar, respeitando os seus pontos de vista, até podemos ser superiores à sua arrogância, hipocrisia e desonestidade intelectual, o que não consentimos é que persigam, ameassem e condicionem a liberdade de sermos livres, porque aí passaremos da surdina a uma voz combativa, bélica e destrutiva em nome da dignidade e da verdade”.
Como afirmara no início desta semana, Mota assegura que abandonou “a política activa”. “Não serei candidato a nenhum órgão autárquico. Mas tal, como não deixei o CDS de Adelino Amaro da Costa, a minha paixão por Braga continua intacta e o compromisso com os Bracarenses inviolável”.
“Ao longo desta caminhada de mais de 14 anos, muitos foram os desafios, conquistas e derrotas, que me fizeram aprender e crescer. Nunca foi um percurso de solidão, tive o privilégio de ser ladeado por gente motivadora e inspiradora. A cada um deles terei sempre uma palavra de gratidão, reconhecimento e admiração. Estive, estou e estarei sempre mais pelo exemplo do que pelo exercício da imposição”, acrescenta o ex-dirigente centrista, natural de Braga.
Francisco Mota afirma acreditar “profundamente na política livre e de liberdade, assente num compromisso mútuo e alicerçada em valores como a lealdade, frontalidade e solidariedade. Foi com a proximidade e disponibilidade que sempre me reconheceram. Foi junto de cada freguesia, autarca, associações, organizações, empresas e dirigentes que procurei exercer o poder que me foi confiado, como instrumento ao serviço das pessoas e conquistar utilidade, junto dos bracarenses, de uma forma de actuação diferente”.
“Foi e é na afirmação da democracia-cristã que resgataremos a acção política, mas mais importante que isso, devolveremos a esperança nas nossas comunidades de uma sociedade sob pilares como: a liberdade, subsidiariedade, solidariedade e a justiça”, sublinha
“A política, muito mais que a forma de fazer, é a maneira como se quer estar. Há muito que se afirma a necessidade de mudar a postura e actuação dos protagonistas políticos”, assevera.
“VOZ COMBATIVA”
Segundo o ex-líder da Juventude Popular é necessário “viverem muito mais de acordo com as convicções do que com as conveniências, agirem por princípios e valores do que por interesses obscuros, governarem a coisa pública com missão em vez de a gerir com submissão. Este é um novo olhar sobre o velho mundo da política, porque se queremos mudar teremos que ser agentes de mudança”.
O historiador e gestor de projectos afirma que “acredito na minha geração como instrumentos dessa mudança, que se quer obrigatória necessária e urgente, porque não é possível fazer política nova com políticos velhos, nem com políticos novos com vícios dos velhos”.
“Não guardamos rancor nem ódio àqueles que de forma tão desleal perturbaram o nosso caminho. E se mesmo não comungando da sua forma de estar, respeitando os seus pontos de vista, até podemos ser superiores à sua arrogância, hipocrisia e desonestidade intelectual, o que não consentimos é que persigam, ameassem e condicionem a liberdade de sermos livres, porque aí passaremos da surdina a uma voz combativa, bélica e destrutiva em nome da dignidade e da verdade”, assegura.
Por último, “agora, é hora de preparar o futuro e com humildade reconhecer que este é o momento dos bracarenses fazerem as suas avaliações, escolhas e decidirem em liberdade. Um novo tempo ditará o nosso amanha colectivo e não abdicaremos de o influenciar, pois nunca deixaremos nas mãos de outros a decisão sobre o nosso futuro”.
“Braga contará comigo, porque Todos temos uma paixão e a minha é Braga”, remata.
RUPTURA
Recorde-se que o ex-líder da JP lamentou que o seu nome não tenha sido indicado para integrar a lista como candidato a vereador em Braga, lembrando que já o foi por duas vezes, e apontou que o presidente do CDS não teve “coragem de fazer valer os interesses do CDS”.
“O teu [Francisco Rodrigues dos Santos] silêncio foi arrebatador e disse muito de que CDS estamos a projectar no futuro. Se é verdade que nem sempre temos que ganhar, prestar vassalagem ao PSD é sinal de desespero e de que farás de tudo para manter o poder pelo poder”, escrevia em nota enviada à Lusa no passado dia 16.