O Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC) desenvolve o projecto Rn Health Tech, que pretende fazer a caracterização dos edifícios à exposição profissional do gás radão, e cujos resultados são apresentados em Outubro.
O projecto, realizado pelas escolas superiores de Tecnologia e Gestão (ESTG) e de Saúde (ESS), tem ainda como objectivo avaliar a prevalência da morbilidade pulmonar no Alto Minho para se perceber se há uma relação directa com a existência do gás radão.
Esta investigação surge após a conclusão do projecto ‘RnMonitor: Infra-estrutura de Monitorização Online e Estratégias de Mitigação Activa do Gás Radão no Ar Interior em Edifícios Públicos da Região Norte de Portugal’, cujo objectivo foi “avaliar um conjunto alargado de edifícios no Alto Minho e a qualidade do ar interior relativamente ao gás radão, bem como o desenvolvimento de um piloto tecnológico que permitisse fazer a monitorização dos edifícios de forma contínua e em tempo real”, lembra o Sérgio Lopes, referindo que esse equipamento permite comunicar e gerar alertas.
“O gás radão existe na natureza em abundância, mas no ambiente exterior não tem impacto na saúde, porque a sua diluição na atmosfera leva a concentrações muito baixas. Mas quando consideramos ambientes interiores, onde as pessoas passam por uma exposição prolongada, se esse compartimento tiver concentrações médias de gás radão, no limite daquilo que é aceitável, a pessoa pode aumentar a probabilidade de contrair cancro do pulmão e isso é um factor de risco”, explica o professor e investigador da ESTG-IPVC.
Neste momento, a primeira fase deste novo projecto contempla a caracterização de edifícios à exposição profissional ao gás radão.
“Esta fase está a terminar. Focamos a nossa acção, por causa da pandemia, apenas nas escolas do IPVC. Como estamos implementados em diferentes escolas e concelhos, optamos por ter o trabalho focado nas escolas porque temos uma distribuição geográfica considerável. Temos escolas com edificados diferentes, mas também características, geologias e concelhos diferentes”, justifica o investigador, adiantando que os resultados dessa amostragem são divulgados até Outubro.
PREVALÊNCIA DE DOENÇAS PULMONARES
O projecto contempla ainda mais fases até final de 2023. “Um segundo objectivo deste projecto é a realização de um estudo sobre a prevalência da morbilidade pulmonar no Alto Minho, pretendendo-se ter evidências se há uma relação directa entre a ocorrência deste gás em ambientes interiores e o maciço granítico que temos debaixo de nós”, anuncia Sérgio Lopes, referindo que o que se pretende é “avaliar do ponto de vista estatístico a prevalência deste tipo de doenças pulmonares no Alto Minho e relacionar com a geologia e geografia do território”.
O gás radão, esclarece ainda o investigador, “está directamente associado à prevalência da rocha granítica, que tem predominância nas zonas onde existe maciço granítico, que é no Alto Minho, em Trás-os-Montes e na zona da Beira Interior, sobretudo, na Guarda”.
Outro dos objectivos está relacionado com uma parte mais tecnológica.
“Pretendemos desenvolver ferramentas online que permitam a avaliação e análise de risco da exposição ao gás radão. Isso implica desenvolver modelos de pré-diagnóstico, ou seja, modelos mais simplificados de avaliação de risco”, diz, acrescentando que no seguimento do projecto anterior, pretende-se incluir outros parâmetros para gerar um indicador de qualidade do ar, que “possa ser mais inteligível e ser usado pelo cidadão de forma mais simples”.
Aqui será utilizada uma escala de cor para que as pessoas consigam perceber e ter percepção do que podem e devem fazer para corrigir uma eventual situação que não está em conformidade.
Por fim, o projecto contempla ainda uma parte da literacia para a saúde, que é o desenvolvimento de materiais interactivos e materiais digitais que permitam a capacitação de crianças e jovens.