O ex-candidato socialista à câmara de Vila Verde e ex-líder da bancada do PS na Assembleia Municipal, Martinho Gonçalves, classificou, esta segunda-feira, o resultado obtido pelo partido nas últimas eleições autárquicas como «catastrófico para os socialistas de Vila Verde». O também ex-deputado acrescenta que «enche de vergonha aquelas e aqueles que, com esforço e muitas dificuldades, tinham colocado o PS num patamar elevado, de combate com o PSD pela vitória eleitoral e não uma luta desprestigiosa com o Chega, para ser a segunda força eleitoral em Vila Verde».
Segundo Martinho Gonçalves – que tornou pública a posição através de uma publicação no Facebook intitulada “Lavar a honra dos socialistas de Vila Verde” – trata-se do resultado «mais fraco desde o longínquo ano de 1993 e correspondente a metade dos votos obtidos em 2017», acrescentando o facto de o partido «não ter conseguido ganhar qualquer eleição para Juntas das 33 freguesias do concelho».
«O PS de Vila Verde retornou aos anos 90, onde era visto como um partido de protesto e abandonou o estatuto de partido de poder! E essa mudança será muito perniciosa para o PS de Vila Verde e irá obrigar a começar de novo uma luta difícil que, seguramente, irá levar muitos anos a colocar de novo o PS como um partido capaz de lutar pela vitória em Vila Verde, com dirigentes e candidatos credíveis, sérios e, em especial, que queiram trabalhar para o Partido Socialista e que não queiram que seja o PS a trabalhar para os colocar em lugares da administração do Estado, situação que envergonha o PS», atira Martinho Gonçalves
«RESPONSÁVEIS BEM CONHECIDOS»
Indo mais longe, o histórico socialista sublinha que a derrota do PS Vila Verde tem «responsáveis bem conhecidos», nomeando, no caso, Joaquim Barreto, Presidente da Federação de Braga do PS.
«Esta derrota do PS de Vila Verde tem responsáveis bem conhecidos e serão esses que o PS Nacional e, em especial, o seu Secretário-Geral terão de ter conhecimento, directamente pelos militantes deste concelho de Vila Verde. E o principal responsável e aquele que mais contribuiu para que este resultado ocorresse em Vila Verde foi seguramente o Presidente da Federação de Braga do PS, o Engº Joaquim Barreto, que é, de longa data, uma “persona non grata” dos socialistas de Vila Verde! Na verdade, o Engº Barreto nunca foi um amigo de Vila Verde e dos socialistas desta terra, fazendo sempre guerra a quem dele discordasse e selecionando para lugares políticos aqueles que sempre lhe obedeceram cegamente. E jamais levantou a sua voz de Presidente da Federação Distrital de Braga para se juntar aos seus camaradas de Vila Verde e com eles se solidarizar, quando o PSD e, em especial, o Eurodeputado José Manuel Fernandes e o Presidente da Câmara António Vilela, nos atacavam ferozmente!», expõe.
Na longa exposição sobre o assunto, Martinho Gonçalves destaca também o facto de Joaquim Barreto «não se ter dignado a ir a Vila Verde para dar um pouco de ânimo» e de «não levar o Secretário-Geral do PS» ao Concelho.
Outros nomes surgem, contudo, na órbita de “culpados”. Para Martinho, «também os dirigentes nacionais responsáveis pelas eleições autárquicas e, em especial, a Deputada Maria de Luz Rosinha e o Secretário-Geral Adjunto, José Luís Carneiro, serão cúmplicies desta desgraça eleitoral que se abateu sobre Vila Verde! Na verdade, de tudo foram devida e atempadamente avisados e a todos esses avisos não davam qualquer atenção, a não ser a de ouvir o Eng. Barreto e “engolir” as mentiras que ele lhes incutia».
AUSÊNCIA DE JOSÉ MORAIS
O ex-líder da bancada do PS na Assembleia Municipal de Vila Verde denota igualmente que os resultados se devem à «ausência de José Morais» como candidato, o qual considera que seria «o mais forte e que teria mais probabilidades de discutir as eleições». Ao invés, refere Martinho, a opção recaiu por um candidatura «fraca e alternativa».
«Acresce que a ausência do José Morais – o candidato mais forte e que teria muitas probabilidades de discutir as eleições taco-a-taco com a candidata do PSD – foi desde muito cedo sabotada pelo Engº Barreto, fazendo passar a ideia de que não teria a sua anuência e, mais grave, incitando os seus “homens de mão” a dizê-lo junto dos militantes e da população e, ao mesmo tempo, a preparar e apoiar uma candidatura fraca e alternativa à do Vereador José Morais, para que este desistisse da sua própria candidatura. Será normal que o Presidente da terceira maior Federação Distrital do PS nunca tenha falado com o Vereador principal do PS da sexta (em 15) maior Câmara do distrito de Braga, no sentido de saber se era da sua vontade se candidatar a uma eleição Autárquica e ter andado a conspirar com gente (fraca…) de Vila Verde, designadamente aqueles lhes são mais subservientes?!…», frisa Martinho Gonçalves.
«NINGUÉM ASSUME AS SUAS RESPONSABILIDADES»
A terminar, o socialista sublinha que «concretizada a desgraça dos resultados do PS em Vila Verde, a verdade é que ninguém assume as suas responsabilidades e os militantes e simpatizantes do partido foram abandonados, desrespeitados e humilhados no seu concelho! Assim sendo e tendo em conta a minha responsabilidade e o meu histórico no Partido Socialista de Vila Verde, entendi que deveria “lavar a honra” dos seus militantes e simpatizantes, que nenhuma responsabilidade tiveram nesta lamentável eleição autárquica e que, certamente, têm fortes razões para estarem tristes e muito zangados com os seus dirigentes locais e distritais. Para que não se volte a repetir semelhante irresponsabilidade e para que se saiba que, em Vila Verde, há muitos socialistas honrados que nada têm a ver com os responsáveis desta humilhação política do PS de Vila Verde!, conclui.