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Governo lança campanha contra a “pandemia permanente” da violência doméstica

O Governo lançou, esta segunda-feira, uma campanha de prevenção e combate à violência contra as mulheres e à violência doméstica.

Através do mote #PortugalContraAViolência, a campanha visa apelar à intervenção da comunidade e divulgar “de forma clara” as respostas e mecanismos de apoio às vítimas.

A campanha será divulgada em vários órgãos de comunicação social de âmbito nacional, regional e local, salas de cinema, meios de transporte, postos de combustíveis, hipermercados e rede de multibanco.

O Governo relembra que “a violência contra as mulheres e a violência doméstica é crime público e uma responsabilidade colectiva. Ligue 800 202 148 ou envie uma SMS para o 3060”.

PERSPECTIVA NEGRA

“É uma campanha muito centrada no retrato daquilo que são situações familiares e comuns, é uma situação familiar de violência em que há uma criança que presencia, que assiste, que por essa via também é ela própria vítima daquela situação de violência, que parece ser não uma novidade naquela família, mas um continuo”, explicou a secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, citada pela Lusa.

Tal como descreveu Rosa Monteiro, a criança expressa depois essa violência no seu desenho, dando uma “perspectiva de presente e futuro negra”.

“A campanha joga precisamente com esse sentido do impacto profundo que a violência tem nas mulheres e nas crianças, ao mesmo tempo que apresenta uma saída, que é uma saída mais colorida, em que o desenho feito pela criança se transforma com a intervenção das pessoas que, no fundo, somos todas e todos nós, e que nos devemos mobilizar para a denúncia e para o apoio às pessoas que são vítimas”, explicou a secretária de Estado.

19 MORTES

Rosa Monteiro salientou que a campanha acaba por ter um lado “interessante e cativante” graças à ilustração, da autoria da artista visual portuguesa C’Marie, e aposta numa “ampla disseminação nos mais diversos canais e meios”, desde vários órgãos de comunicação social de âmbito nacional, regional e local, salas de cinema, meios de transporte, postos de combustíveis, hipermercados e também na rede de multibanco.

O objectivo da campanha #PortugalContraAViolência, que serve para assinalar o Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres, é o de, “num momento em que também os constrangimentos impostos pela pandemia de covid-19 provocaram desafios acrescidos, consolidar o sentido de responsabilidade colectiva, transmitir confiança a cada mulher, na sua luta, e à sociedade em geral, no combate a este crime, bem como divulgar as respostas e mecanismos de apoio às vítimas”, tal como refere o comunicado do gabinete da secretária de Estado.

Rosa Monteiro adiantou que a campanha inclui também a divulgação de um código QR, (um código de barras bidimensional que é lido através dos telemóveis), através do qual tem-se acesso a um guia de recursos com todas as respostas do país em matéria de violência doméstica, “onde as pessoas poderão procurar apoio e ajuda directa nas situações que presenciem ou que vivam de violência doméstica”.

De acordo com a secretária de Estado, esta campanha é como que uma “sequela” da campanha lançada no ano passado e que remetia para casos de violência doméstica ocorridos nos períodos de confinamento, salientando que a campanha apresentada hoje também remete para uma situação doméstica e usa a imagem do arco-íris para remeter ainda para a situação de pandemia.

A campanha é da responsabilidade da secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade e da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG), com a colaboração da AMCV – Associação de Mulheres Contra a Violência, Associação Projeto Criar, Associação Ser Mulher, APAV – Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, Associação Plano I, Associação Portuguesa de Mulheres Juristas, Coolabora, Cruz Vermelha Portuguesa, Movimento Democrático de Mulheres, Mulheres Século XXI, UMAR – União das Mulheres Alternativa e Resposta e Quebrar o Silêncio Associação.

Os números mais recentes mostram que nos primeiros nove meses do ano a violência doméstica matou 19 pessoas e que a Rede Nacional de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica (RNAVVD), que abrange actualmente 95% território nacional, incluindo respostas especializadas de atendimento e acolhimento, registou até final do passado mês de Setembro 97.172 atendimentos.

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