A oposição sugeriu à maioria socialista do Executivo Municipal de Guimarães a realização de estudo socioeconómico, abrangendo toda a área do centro histórico classificada com o título de Património Cultural da Humanidade pela UNESCO, avançou esta quarta-feira O Comércio de Guimarães.
Segundo o jornal, Ricardo Araújo, vereador do PSD, aludindo às queixas de excesso de ruído e do número insuficiente de efectivos da PSP para garantir segurança no centro da Cidade, defendeu a importância de realizar aquele estudo.
“Há aqui várias tensões entre quem habita e quem tem interesses comerciais”, justificou, citado pelo O Comércio de Guimarães, enfatizando a necessidade de priorizar “um equilíbrio entre os interesses dos habitantes, dos utilizadores e dos interessados para garantir uma gestão adequada do espaço”.
“É preciso um conhecimento rigoroso”, insistiu Ricardo Araújo, salientando que deve ser feita uma caracterização social e económica, com uma perspectiva de “como deverá ser daqui a 15 ou 20 anos”.
“Como deveremos organizar o centro histórico e assim podermos actualizar o regulamento relativo à sua gestão”, acrescentou o vereador social-democrata, alertando para o fenómeno da “gentrificação dos espaços”, ao processo de modificação do espaço urbano.
“É preciso tentar perceber o que está a ser previsto para as zonas novas que estão a surgir. Temos de olhar para essas zonas como uma forma de descompressão do centro histórico”, afirmou, novamente citado pelo O Comércio de Guimarães, apontando o caso da zona da Caldeiroa: “Como é que aquela mancha ajudará a descomprimir o Centro Histórico através da ocupação urbanística prevista e dos novos acessos?”.
Face ao “desígnio” da aposta do município “na sustentabilidade e ambiente”, Ricardo Araújo quis saber qual a meta definida para a interdição da circulação automóvel no centro histórico, aproveitando para observar que desde o início do ano, com a entrada em funcionamento da nova concessão da Guimabus, “a zona do Campo da Feira está transformada numa central de camionagem ao ar livre”.
Em resposta, o presidente da Câmara comprometeu-se a relançar o projecto de condicionamento da circulação automóvel.
O socialista Domingos Bragança lembrou a medida que previa a implementação, a título experimental, de restrições à circulação automóvel na cidade ao fim-de-semana, e que deveria ser implementada no início de 2020, alterada por causa do inesperado surgimento da pandemia da covid-19, envolvendo o lado norte da alameda de S. Dâmaso, o lado nascente do Toural e a rua de Santo António, assim como a zona intra-muros.
Sobre a questão relacionada com o estudo do ruído, Bragança explicou que “foi um trabalho incluído na candidatura a Capital Verde Europeia”.
Contudo, reconheceu a dificuldade em conciliar os interesses dos moradores com a dos utilizadores do espaço classificado.
“Temos de fazer com que se crie uma cumplicidade entre os moradores e aqueles que trabalham naquela zona”, observou, fazendo questão de vincar que “não aceita a ideia” de que Guimarães é uma cidade insegura.
“Guimarães está no topo das cidades mais seguras do país”, frisando que tem solicitado às autoridades policiais a atenção no combate à pequena criminalidade.