OPINIÃO

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A importância da Psicologia na infância

Por Nathan Benhke de Almeida – estagiário de Psicologia da Universidade do Minho

 “É mais fácil construir crianças fortes do que consertar homens quebrados.” Mesmo que esta frase tenha sido proferida por um pensador americano do século XIX, Frederick Douglass, ela continua extremamente atual e necessária. O cuidado com a saúde mental deve começar na infância, etapa em que o cérebro, o comportamento e as faculdades cognitivas estão em desenvolvimento constante. É neste período em que se formam muitas das bases emocionais e sociais que podem influenciar toda uma vida, ou pelo menos grande parte dela.

A psicologia como ciência consolidada desempenha um papel essencial nesse processo. Através desta, é possível identificar precocemente sinais de sofrimento psicológico, promover vínculos saudáveis, fortalecer a autoestima e desenvolver habilidades adaptativas para o bem-estar da criança.

Como foi muito bem destacado pelo renomado psicólogo e autor Urie Bronfenbrenner, com a sua  teoria bioecológica do desenvolvimento, o ambiente social, as relações familiares e escolares influenciam profundamente o desenvolvimento infantil. Portanto, é vital que a comunidade, escolas e famílias estejam atentas ao bem-estar psicológico de crianças e adolescentes, estando disponíveis para, quando necessário, encaminhar sem qualquer tipo de estigma ou preconceito os menores para instituições que disponibilizam o acompanhamento psicológico.

Infelizmente, ainda há quem veja o cuidado psicológico para crianças como algo “só para os mais problemáticos” ou para “casos muito graves”. Esta visão acaba por atrasar intervenções importantes e naturaliza sofrimentos evitáveis que ativamente podem comprometer o crescimento saudável dos menores.

Cuidar da infância é um dever coletivo, legal e ético. A promoção e proteção dos direitos das crianças e adolescentes passa, necessariamente, pela valorização da psicologia como ferramenta de cuidado, escuta e transformação. Quando as crianças estão com sofrimento fisiológico, as famílias não hesitam em levá-las para um médico, porque haveriam então de hesitar em levá-las a um psicólogo quando estão a apresentar sofrimento psicológico?

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