Os aeroportos de Porto e Lisboa detetaram, desde 2022, o equivalente a 175 milhões de euros em cocaína (mais de 7 toneladas), avança o Jornal de Notícias.
Rui Sousa, coordenador da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefaciente (UNCTE) da PJ, afirma que, apesar da vigilância, os funcionários de handling, que levam a droga, podem passar pelas entradas e saídas dos aeroportos sem entraves.
«Estes funcionários estão credenciados para poder e entrar com viaturas através de portas de serviços dos aeroportos. Só em Lisboa, existem três ou quatro entradas que servem, por exemplo, para evacuar lixo. Os aeroportos são autênticas cidades e têm de funcionar», diz o especialista, que entre 2020 e o ano passado realizou 34 detenções por este crime.
«Quando estamos a falar deste tipo de infraestruturas críticas e de alta segurança, já era preocupante se tivéssemos apanhado apenas um funcionário. Serem 34 aumenta a nossa preocupação», afirma.
As mais de sete toneladas de cocaína passam pela mão destes funcionário que, por cada quilo, podem lucrar até seis mil euros.
O esquema, segundo avança o Jornal de Notícias, funciona por contactos no Brasil, principal origem da cocaína. A droga chega por via aérea e, depois de ser localizada e encomenda, os funcionários de handling recebem instruções sobre o voo e mala com a droga.
Esta era, assim, retirada do porão com cuidado, para não ser detetada. Depois, é levada para o exterior onde, mediante o pagamento, era entregue ao traficante.
«Cada mala pode transportar entre 20 e 40 quilos, mas já tivemos situações em que estes funcionários rececionavam cargas dissimuladas em caixas de mercadoria. Em 2021, no Porto, ocorreu uma apreensão deste género de 280 quilos», acrescenta Rui Sousa.
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