Os 10 arguidos que começaram a ser julgados no Tribunal de Braga por assaltos a uma dependência bancária do Santander em Braga e a vivendas no Minho remeteram-se ao silêncio. No total, diz a acusação, os assaltos terão “rendido” 4,7 milhões de euros.
O maior foi ao Banco Santander, em Braga, e ocorreu em 23 de Junho de 2018, durante a noite de S. João. Dos cofres dos clientes do banco terão sido retiradas quantias monetárias e bens de valor total superior a quatro milhões de euros.
Foram lesados 43 clientes, mas, entretanto, o banco já chegou a acordo com a maioria deles, indemnizando-os, até 100 mil euros, pelos prejuízos sofridos.
Esta segunda-feira, em face do silêncio dos arguidos, o Ministério Público requereu a audição das declarações que seis deles prestaram em sede de primeiro interrogatório e nas quais negaram a prática dos crimes.
A diligência foi deferida pelo coletivo de juízes, apesar da contestação dos advogados de defesa, que chegaram a invocar a irregularidade do acto, por não serem audíveis as perguntas formuladas pela juiz de instrução. A presidente do coletivo deixou para o acórdão final a decisão sobre a valoração ou não das declarações.
Em julgamento, estão nove homens e uma mulher.
Os homens por associação criminosa e furto qualificado, estando alguns também acusados de detenção de arma proibida, falsificação e recetação. A mulher está apenas acusada de furto qualificado.
BANCO EM OBRAS
De acordo com a acusação, o banco estava em obras desde 15 de Junho de 2018 e a porta blindada que trancava a antecâmara existente antes da porta gradeada que dá acesso aos cofres particulares permaneceu aberta até ao dia do assalto.
Uns dias antes, o Santander terá autorizado um dos arguidos a aceder à zona dos cofres particulares, permitindo-lhe assim “estudar” o assalto.
O arguido percebeu que a porta blindada estava aberta e que o alarme estava incativo.
No dia do crime, e aproveitando o barulho na rua resultante do S. João, entrou no banco, pelas traseiras e, durante várias horas, serrou as grades e esvaziou os cofres.
Os arguidos são ainda acusados de assaltos a várias residências, entre as quais as do empresário Domingos Névoa, do cantor popular Delfim Júnior e do médico e antigo atleta do SC Braga Romeu Maia.
Um dos arguidos é um agente da PSP, de Ponte de Lima, que alegadamente funcionaria como informador do gangue, indicando casas a assaltar.
A acusação diz que os arguidos “actuaram em conjunto entre si, como um verdadeiro grupo em que se inserem, de modo organizado, concertado e extremamente metódico, repartindo entre si informação e proveitos, recorrendo a tecnologia que inviabiliza o acompanhamento próximo”.