A Assembleia Municipal de Vila Verde reuniu na noite desta quarta-feira, 24 de Junho, no Salão Nobre da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Verde, numa sessão onde foram aprovados, por maioria e com 12 abstenções, os documentos da prestação de contas respeitante ao ano de 2020.
O ponto, referente à reunião de Abril de 2021 do referido órgão, viu o seu prazo prorrogado e foi por isso objecto de discussão e votação na sessão desta quarta-feira. Na apresentação do mesmo, o Presidente da Câmara Municipal de Vila Verde, António Vilela, começou por afirmar que «o ano de 2020 foi um ano particular e diferente», algo que trouxe «alterações na gestão municipal».
«Houve verbas que tiveram de ser encaminhadas para determinadas acções que até esta data não tinham ainda sido necessárias. Teve de ser reestruturar a forma como se faz a ligação entre as estruturas municipais e as pessoas, com mais atenção, proximidade e apoio», aditou.
Segundo o autarca, o Município conseguiu uma «receita de mais de 35 milhões de euros», a «maior arrecadada» até então.
Abordando diversos investimentos efectuados em áreas como a Educação, Saúde, Abastecimento de Água, Saneamento e Rede Viária, António Vilela justificou que «tudo foi possível porque o Município vive num desafogo financeiro. Tem os seus empréstimos, que estão controlados, mas tem um certo desafogo financeiro», tendo para isso contribuído o «rigor na gestão financeira, que permitiu que o Município encare com esperança os desafios que tem pela frente».
«Temos um rigor e saúde financeira capazes de assegurar estas condições e estamos aqui com uma sentido de dever cumprido. Apresentamos um relatório de prestação de contas que não deixa dúvidas da capacidade de concretização, do rigor financeiro e que nos garante um futuro com muita tranquilidade e esperança», concluiu.
«DEVEMOS SER PRUDENTES E SENSATOS»
Da bancada dos centristas usou da palavra Paulo Gomes, que notou que o documento «continua a não mostrar ainda muito de novo».
«Nos últimos anos, pouco mudou na estratégia e na execução orçamental. Segundo o documento, podemos constatar que há uma “boa saúde financeira”, revelando um acréscimo de receitas previstas face ao ano transacto. Mesmo com a situação pandémica, as contas parecem equilibradas e ficamos satisfeitos com tal situação. Contudo, o futuro e o optimismo do sr. presidente é de realçar, mas aconselhamos um pouco de cautela, pois prevemos, infelizmente e num futuro breve, uma crise económica. Sem sermos abrangidos pela bazuca europeia será difícil um equilíbrio. Devemos ser prudentes e sensatos», referiu.
«Alertamos, ainda, para que haja um planeamento e um rigor financeiro em todas as transacções», atirou.
«PODERIA TER HAVIDO UMA JANELA DE OPORTUNIDADE PARA APOIAR DE FORMA ACTIVA E SUSTENTADA O TECIDO EMPRESARIAL MAIS AFECTADO PELO COVID»
Já Conceição Alves, da bancada socialista, sublinhou que «ao longo de décadas, o executivo foi criando e alimentando expectativas na população através de todos os meios de que dispõe. De que se orienta por uma gestão realista, criteriosa e pautada pelo rigor orçamental com visão de futuro, ambição e arrojo na elaboração de projectos e apresentação de candidaturas a fundos comunitários. Analisando o documento, constato a existência de enormes incongruências».
Mais à frente, a socialista destacou que «as receitas correntes superaram o orçamentado e as despesas correntes ficaram abaixo, gerando uma disponibilidade financeira adicional que mais uma vez este executivo, inoperante e incapaz de inovar, de ver e sentir as necessidades das suas gentes, se limitou a poupar ao estilo de um agregado familiar envelhecido e conservador».
Acrescentou, ainda, que «poderia ter havido uma janela de oportunidades para apoiar de forma mais activa e sustentada o tecido empresarial mais afectado pelo Covid. O que o executivo apoiou foi residual e pouco inovador. O apoio poderia ter tido outro impacto e outra visibilidade se tivesse sido mais incisivo nas pessoas. A gestão deve ser responsável, prática e activa, mas sobretudo direccionada para as pessoas. É necessário ter o discernimento de avaliar prioridades e agir em conformidade e são muitas as dúvidas que esta prestação de contas nos suscita. Podemos estar aqui perante um documento com contas certas, mas meramente virtual devido às incongruências detectadas».
«ROSTO DO BOM DESEMPENHO»
Ainda antes da votação do ponto, Alberto Rodrigues, do PSD, nomeou vários investimentos e apostas nas mais diversas áreas ao longo do ano de 2020, referindo que «em termos globais, podemos dizer que estes documentos são o rosto do bom desempenho do executivo durante o ano de 2020. Os tempos actuais requerem prudência e rigor, quer em termos económicos, quer em termos sociais».
«Houve rigor, empenho e capacidade de realização do Município», enalteceu o social-democrata.
Mais desenvolvimentos na edição impressa de Julho de 2021.