A polícia francesa anunciou, hoje, que prolongou a detenção dos avós e tios maternos de Émile, depois de terem sido detidos por suspeitas de serem os autores da morte da criança.
Estes avós, estando a tomar conta de Émile, deram alerta às autoridades para o desaparecimento da criança. Depois de aberta a investigação, o corpo do menino foi encontrado em março de 2024, perto da aldeia de Vernet. A causa da morte está por determinar.
A 8 de fevereiro deu-se o funeral público de Émile, na basílica de Saint-Maximin-la-Sainte-Baume (Var) e, pouco depois, os avós emitiram uma declaração a dizer que «o tempo de silêncio deve dar lugar à verdade».
Foi, assim, um choque, quando a França recebeu a notícia de que, esta terça-feira, os avós foram detidos, suspeitos da morte da criança.Com eles, dois tios, cuja detenção se realizou a quase 200 quilómetros de Haut-Vernet, onde o menino desapareceu há ano e meio. Os quatro estão sob suspeita de homicídio voluntário e de ocultação de cadáver.
O procurador público de Aix-en-Provence aponta que as detenções foram «planeadas», fazendo parte de «uma fase de verificação e comparação de elementos e informações recolhidas nos últimos meses».
Recorde-se que Émile Soleil foi dado como desaparecido a 8 de julho de 2023, na região de Vernet, numa comunidade com cerca de 125 habitantes, enquanto brincava na casa dos avós, estando os pais ausentes.
A emissora francesa “BFMTV” aponta que, durante as primeiras 24 horas de custódia policial, os quatro membros da família foram interrogados individualmente, com destaque para o avô de Émile.
A advogada Isabelle Colomani, a representar Philippe Vedovini, afirmou aos jornalistas em Marselha, esta terça-feira, que o tempo inicial de detenção (24 horas) do seu cliente tinha sido prolongado.
Julien Pinelli, advogado de Anne Vedovine, apontou que esta estaria sob custódia para mais interrogatórios. De acordo com a “BFMTV”, os tios também estarão detidos por mais tempo.
As buscas na casa da família levaram à apreensão de um Hyundai azul marinho e um reboque para cavalos que estava coberto com plástico.
Avô demonstra «total cooperação»
A advogada de Philippe Vedovini disse, esta quarta-feira, que o mesmo, avô de Émile, está em «total cooperação». «Vamos retomar essa maratona judicial e veremos um pouco sobre as perguntas que serão feitas e as respostas que serão dadas», disse.
O advogado de Anne Vedovini, à “BFMTV”, afirmou que a situação era uma «provação». «É óbvio que, para uma avó que perdeu o neto em circunstâncias tão trágicas, ser interrogada sobre as circunstâncias deste caso enquanto está detida é inevitavelmente uma provação», apontou.
No máximo, os quatro poderão ficar detidos mais 48 horas. Segundo Philippe Vedovini, avô de Émile, «o período de custódia policial deve ser cumprido» até às 06h30 de quinta-feira.
Cidade tem «medo» da verdade
Na cidade de La Bouilladisse, onde os avós de Émile foram presos, há habitantes que se dizem «chocados» e outros parecem não tão surpreendidos.
«Estou um pouco chocado. Isto surpreende-me”, disse um deles à “BFMTV”. Outro habitante afirmou-se «muito surpreendido» com a extensão da detenção. «Nunca teria acreditado. Não é possível que a família pudesse ter feito uma coisa destas», diz.
Outro morador, chamado Gilles, afirma que isto pode ser o fim da investigação.
«Esperamos respostas há muito tempo. Hoje, vemos que a investigação está a avançar. Sei que a verdade será muito difícil de ouvir. Vamos esperar até ao fim da detenção para obter mais informações. Também não devemos tirar conclusões precipitadas. Mas a verdade vai magoar-nos muito», afirma.
«É bastante paradoxal. Ao mesmo tempo, quero saber o que aconteceu porque permanecer na dúvida é sempre muito desconfortável. E também há o medo. O medo de descobrir uma verdade que pode ser pior do que a que imaginávamos», aponta Magali Lamy, moradora de Le Vernet e também autora de um livro sobre o caso.
«Emocionalmente, é difícil porque imagino vários resultados possíveis. Isto está a circular um pouco na minha cabeça, e ao mesmo tempo digo a mim mesma que é uma coisa boa porque a investigação continua, eles não vão desistir», diz ainda.
Já nas redondezas, em Seyne, a preocupação é igual. «Acho isto muito terrível, vindo da família. Quatro membros da família são suspeitos, é bem perturbador», aponta Véronique à “BFMTV”. «São vilas pequenas, por isso, obviamente, todos têm perguntas. Precisamos de uma resposta para os moradores e para as vilas vizinhas», vinca.
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Com Jornal de Notícias