Ir à Boalhosa, na fronteira dos concelhos de Vila Verde e Ponte de Lima, e não trazer uma “mão cheia” de imagens é como ir à adega e regressar com o garrafão vazio.
Aqui ouve-se o som do silêncio e descobrem-se paisagens únicas.
Enquanto ia registando estas fotos, a única coisa a impedir o silêncio absoluto era o cantar do cuco, vindo, ali do lado, da parte montanhosa.
Nesta localidade, de beleza ímpar, as habitações têm as portas abertas, faceando com as ruas.
Há animais a saciarem-se nos pastos verdejantes, há galinhas à procura de comida nos caminhos, há regos de água límpida, há gatos a descansar sobre muros ensolarados e, nos poucos estabelecimentos da aldeia, há tigelas de vinho caseiro, carregado de cor escura.
Na Boalhosa, nas imediações do concelho de Vila Verde, terra de muitos emigrantes, ainda é possível estar em contacto com o passado.
Pessoas, de idade avançada, agarram-se às sacholas, dedicando-se à lavoura, o único modo de vida que tiveram a vida inteira.
Em certos locais, os proprietários de terrenos inclinados, fazem cultivos em socalcos, usando a técnica agrícola de conservação de solos.
Por cá, onde todos os habitantes se conhecem, é fácil, mesmo para quem vem de fora, manter contacto com a população.
São os primeiros a perguntar de onde vimos, o que fazemos e o que pretendemos.
Estive lá e, confesso, a vontade de vir embora era pouca. Regressei a casa a olhar para trás.
A Boalhosa, localidade pitoresca do município de Ponte de Lima, é uma zona rural que merece uma visita atenta e demorada.
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Por Emílio Costa (CO 1179)