A Câmara Municipal de Braga e a Comissão de Homenagem aos Democratas do Distrito inauguram, no próximo dia 31 ,o monumento de homenagem aos advogados que estiveram na linha da frente da resistência ao Estado Novo, da autoria da arquitecta Sara Mota Gonçalves.
Custeado pelo município, o monumento, com a inauguração agendada para as 17h00, ficará instalado na Praça da Justiça, junto do Tribunal Judicial de Braga.
MONUMENTO, METÁFORA
Na descrição que faz do monumento, a autora descreve como se inspirou para chegar à obra final: “A representação do livro justifica-se por ser um poderoso instrumento de trabalho dos advogados, simbolizando a resistência intelectual e a busca pelo conhecimento em tempos de repressão. O rasgo no livro representa a metáfora do corte na liberdade, fazendo referência à opressão imposta pelo regime, que cerceava as liberdades individuais e políticas, fustigando a sociedade, silenciando vozes e restringindo as expressões culturais.”.
E acrescenta: “Ao mesmo tempo, o livro, como ferramenta de resistência e disseminação de ideias, torna-se um símbolo de esperança e libertação. Os cravos que surgem no ‘rasgo’ são um símbolo de renascimento, representando a transição de um período sombrio para um novo ciclo de democracia e liberdade. Marcam o renascimento da democracia e a recuperação dos direitos civis e políticos que haviam sido negados por anos.”
“(…) essa metáfora sublinha o poder transformador do conhecimento e da resistência intelectual, que, ao se sobrepor ao rasgo do autoritarismo, pavimenta o caminho para a renovação e a recuperação da liberdade”, conclui Sara Mota Gonçalves
Sara Mota Gonçalves foi nomeada para o prémio ‘Building of the year 2022’ pelo site de arquitectura Archdaily, com o projecto Casa Cruz de Pedra, em Guimarães.
Em 2005, vê premiado projecto para a área envolvente à Estação de Monção.
‘MEMÓRIAS DA RESISTÊNCIA’
Após a cerimónia realiza-se, numa das salas do Tribunal, a conferência ‘Memórias da Resistência’, com intervenções dos advogados Artur Marques e Tarroso Gomes, e que conta com a presença do presidente daquele tribunal, juiz João Paulo, do vereador João Rodrigues e do representante da Comissão de Homenagem aos Democratas.
Na altura, são lidos os nomes da meia centena de advogados que no distrito bracarense, fizeram parte da resistência ao Estado Novo. Luís Capela, conhecido especialista e intérprete da viola braguesa, tocará algumas músicas alusivas ao acto.