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Braga integra rede nacional de Turismo Industrial

A Câmara de Braga, a Confraria do Bom Jesus do Monte e o Turismo do Porto e Norte, rubricaram um acordo de colaboração para integrar a rede nacional e dinamizar o turismo industrial no concelho.

A assinatura do acordo aconteceu na Oliva Creative Factory, em São João da Madeira, e reúne ainda empresas e instituições ligadas à defesa e divulgação do património e história da indústria.

O elevador do Bom Jesus, que é um dos grandes símbolos bracarenses e forte atractivo turístico, passa a integrar esta rede de turismo industrial, assumindo-se como uma máquina única de engenharia e mecânica que preserva e divulga a memória industrial de Braga e da região.

“Com esta adesão, assumimos o nosso compromisso de incorporar esta rede para reforçarmos a atractividade de Braga, mas estamos já a trabalhar com mais parceiros para reforçarmos este tipo de oferta, pois o turista actual valoriza cada vez mais as experiências autênticas e descobertas originais” explicou António Barroso, que representou a Câmara Municipal neste evento, sublinhando que estas iniciativas são também muito relevantes para a “preservação da memória e do património”.

Segundo Barroso, “é necessário colocar estas iniciativas na agenda dos nossos habitantes e principalmente das novas gerações para que conheçam e descubram as riquezas da indústria nacional, quer seja ainda em fabrico quer em museus ou até desfrutando em viagens como é a distinta subida e descida no nosso acarinhado elevador que só é o mais antigo do mundo movido a água”.

São precisamente exemplos de indústria viva, aberta a receber visitantes em plena actividade, as novas entidades que aderiram à rede: em Braga, o Elevador do Bom Jesus; em São João da Madeira, a fábrica de colchões Sleep8; em Ponte de Lima, o Museu do Brinquedo Português; em Gondomar, o Museu Municipal da Filigrana e o Museu Mineiro de São Pedro da Cova; em Freixo de Espada à Cinta, o Museu da Seda e do Território; em Marco de Canavezes, o Museu da Pedra e a fábrica de biscoitos Duriense; no Porto, a ourivesaria Alcino Silversmith, a Cerveja Nortada, a Loja Claus, a gráfica Peninsular e os museus do Carro Eléctrico, dos Transportes e Comunicações, e do ISEP – Instituto Superior de Engenharia do Porto.

Luís Pedro Martins, presidente do Turismo do Porto e Norte, afirmou que, com as novas adesões, esta região turística “destaca-se claramente no país como o território que detém mais projectos de Turismo Industrial devidamente chancelados no âmbito da estratégia nacional. Em termos práticos, a rede passa assim a integrar mais de 100 projectos, o que representa mais de 50% da oferta de todo o território português”.

ELEVADOR, PÉROLA DE BRAGA

Varico Pereira, que representou a Confraria do Bom Jesus do Monte, referiu que o Elevador do Bom Jesus é uma obra prima do património industrial, única no mundo e, por esta razão, parte integrante do património da UNESCO. Um autêntico museu vivo que proporciona uma experiência única a quem nele viaja.

“Decidimos entrar nesta rede, porque é justo reconhecer e valorizar um meio de transporte único no mundo, que celebrou 140 anos de existência. Estamos perante uma referência de imaginário muito presente em milhares de pessoas que viajaram no Elevador na sua infância ou em algum momento da sua vida”, afirmou, acrescentando que  “é nossa intenção reforçar a imagem do Elevador não apenas como museu vivo, mas também motivo de estudo e investigação. Por um lado, o convite a comunidades escolares permitirá apresentar o Elevador num contexto de educação não formal, fugindo à rotina diária da sala de aula, motivando os alunos para a valorização de um meio de transporte histórico e sustentável, por outro, a possibilidade de outros públicos poderem também aceder a esta oferta de visita poderá proporcionar à comunidade a apresentação do Elevador numa perspectiva menos conhecida, mostrando o seu sistema de funcionamento e os elementos técnicos associados.

“Procuraremos aprofundar a ligação com os visitantes em torno do conhecimento, salvaguarda e valorização deste bem inestimável, que evidencia o papel e os novos desafios que uma obra prima da engenharia e símbolo do património industrial podem fazer emergir no presente, mas também em vista do futuro”, rematou Varico Pereira.

HISTÓRIA

 Deve-se ao empresário bracarense do século XIX, Manuel Joaquim Gomes (1840-1894), a iniciativa de construir-se o Elevador do Bom Jesus do Monte, em Braga, da autoria de Nikolaus Riggenbach e de Raul Mesnier, cujos trabalhos viram-se concluídos em 1882, ano da sua inauguração. Constitui, assim, o primeiro funicular construído na Península Ibérica.

O Elevador do Bom Jesus é um elevador funicular assente sobre plano inclinado, e é composto de duas cabinas que se movem sobre carris ligadas entre si por um cabo. Servindo de contrapeso uma a outra, as duas cabinas sobem e descem alternada e simultaneamente ao longo de duas vias paralelas num percurso de cerca de 274 metros. Cada cabina tem capacidade para trinta e nove pessoas, incluindo o condutor.

Revelando-se o segundo funicular projectado por Nikolaus Riggenbach, o Elevador do Bom Jesus do Monte é actualmente o único em funcionamento, o que, por si só, é bem revelador da sua importância no panorama mundial dos funiculares de contrapeso de água, dos quais, o mais recente, data de 1992.

Além disso, representa um valioso testemunho da actividade encetada por Raul Mesnier de Ponsard, engenheiro português de ascendência francesa, especialista em engenharia mecânica, e que, após a conclusão deste Elevador, envolveu-se na construção dos elevadores lisboetas do Lavra, da Glória e de Santa Justa.

 

LEGENDA: Rede quer oferecer experiências autênticas e descobertas originais

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