O presidente da Câmara de Braga reagiu com surpresa ao anúncio da Xunta da Galícia de obrigar os portugueses a fazer um registo e fornecer os contactos sempre que entram na região autonómica espanhola, no âmbito do combate ao covid-19.
Em declarações à Rádio Observador, Ricardo Rio diz estar “muito apreensivo” com a decisão das autoridades galegas, considerando-a mesmo “injusta” e “sem motivo”, tendo em conta as estatísticas “muito positivas” das últimas semanas da situação epidemiológica no Norte.
Para Rio, a resolução, desta terça-feira, da Direcção Geral de Saúde Pública da Galiza de exigir um registo e os contactos aos portugueses, colocando, assim, Portugal nas listas dos “países de maior risco”, é “um revés” na reabertura da fronteira e para a reactivação das actividades económicas das duas regiões das margens do Rio Minho.
“É quase um encerramento de fronteiras”, lamenta o também presidente da comissão executiva do Eixo Atlântico, uma rede de 35 cidades galegas e do Norte de Portugal, entre elas Vigo, A Coruña, Lugo e Santiago de Compostela, do lado galego, e Braga, Barcelos, Famalicão, Guimarães ou o Porto, do lado português.
O autarca bracarense defende que o Norte de Portugal devia ser alvo de uma “discriminação positiva, já que situação epidemiológica não é a mesma do resto do país”, a exemplo do que o Governo espanhol faz em relação a algumas zonas do seu próprio território.
RESOLUÇÃO GALEGA
A resolução da Xunta da Galicia, recorde-se, determina que “todos os viajantes, de todas as nacionalidades, provenientes de Portugal e tendo como destino a Galiza, devem comunicar os seus dados pessoais e local de residência no prazo de 24 horas após a sua chegada, através do preenchimento do formulário disponível no endereço https://coronavirus.sergas.gal/viaxeiros/ ou contactando o número de telefone 881002021”.
O documento elucida que “após a comunicação dos dados mencionados, as autoridades galegas partilharão um conjunto de informações úteis e recomendações sanitárias ao viajante e facultarão um contacto telefónico que poderá ser utilizado no caso de haver algum indício da existência da doença ou sintomatologia associada”.
Dá a conhecer ainda que “os cuidados que tiverem que ser prestados pelos profissionais do Serviço de Saúde Galego não terão qualquer custo para os que deles necessitarem, incluindo a realização de testes ou de tratamentos”.