Braga é uma das cidades do país que acolhe este sábado a manifestação ‘Resgatar o futuro, não o lucro’, para exigir um “plano massivo” de empregos públicos para “salvar as pessoas e o clima” e apoios aos mais afectados pela crise provocada pela pandemia de covid-19.
Convocada para as 17h00, na avenida Central, a manifestação junta-se às ‘manifs’ marcadas para o Porto e Lisboa, embora os organizadores esperem que até lá outras cidades adiram aos protestos “pacíficos”.
“Não estamos todos no mesmo barco e também em Braga sairemos às ruas para o demonstrar”, escrevem na convocatória bracarense, via fecebook, Marta Dias e Ana Arandas.
“Se o normal é o salário dos gestores do Novo Banco (2 milhões) ser maior que o apoio que o ministério da cultura dedicou para as 100 mil pessoas que tentam sobreviver no sector da cultura, então não queremos voltar ao normal. Se o normal é as 300 mil pessoas obrigadas a trabalhar a recibos verdes, que viram o seu trabalho cancelado, receberem metade do valor do limiar da pobreza, então temos problemas com este normal”, dizem as activistas, assegurando que a manifestação foi articulada com as autoridades de saúde autarquia.
“Não deixaremos que nos calem face a estes abusos dos últimos dois meses”, frisam, até por que, rematam, “não estamos todos no mesmo barco!”.
Conforme o PressMinho adiantou esta quarta-feira, também a ‘manif’ deste sábado, conta com o apoio do Núcleo Antifascista de Braga que no dia anterior protesta junto à embaixada dos Estados Unidos em Lisboa, em solidariedade com os norte-americanos que protestam contra o racismo e violência policial e a morte de George Floyd, um afro-americano de 46 anos, morreu em 25 de Maio, em Minneapolis (Minnesota), depois de um polícia branco lhe ter pressionado o pescoço com um joelho durante cerca de oito minutos.
PLANOS REAIS PARA O FUTURO
“Saímos à rua pela falta de planos reais para o futuro de todas e todos. Saímos porque vivemos outras crises, como a crise climática, que se agrava todos os dias e precipitará tantas outras crises económicas, sociais e sanitárias. Saímos para dizer que não basta que nos digam que não vem aí mais austeridade, precisamos de um novo projecto, um novo caminho”, diz o texto de convocatória nacional.
O manifesto propõe seis pontos para dar resposta à crise de saúde e económica. Os subscritores defendem a protecção do SNS “dos esforços de mercantilização da saúde, com reforços e garantias de capacidade de resposta às necessidades de cuidados e reforço das condições a quem lá trabalha, com a universalidade e a gratuitidade”, a garantia de acesso a comida “como um direito básico exercido de forma universal, e não como caridade dependente da boa vontade de terceiros”.
O fim “imediato” dos despejos e que os edifícios vazios sejam usados para habitação, acesso energia e água para todas as famílias, acesso universal aos meios digitais e a um sistema de ensino público e “universalmente gratuito”, bem como o combate ao “racismo, o autoritarismo e a violência estrutural sobre pessoas racializadas e pobres”, são outras reivindicações.
Os activistas querem ainda “a reconfiguração da economia para o cuidado da vida, uma transição energética justa, o repúdio da dívida, um plano massivo de empregos públicos com direitos, bem como a gratuitidade e universalização do acesso à saúde e ao ensino; e a garantia do acesso à alimentação, à habitação, à energia e a condições de trabalho dignas e igualitárias, resgatando as pessoas, e não os lucros”.
RECOMENDAÇÕES
As associações e colectivos que convocam as mobilizações apelam à participação de todas as pessoas que “não pertençam a grupos de risco para a pandemia de covid-19”, prometendo distanciamento social e a disponibilizados álcool e máscaras, embora apelem a que todos os participantes levem o seu material de protecção individual.
As manifestações foram convocadas até ao momento pela a Colectiva, Associação de Combate à Precariedade – Precários Inflexíveis, Brigada Estudantil, Circular Economy Portugal, Climáximo, Colectivo Feminista de Letras, Cooperativa Mula, Fábrica de Alternativas, Feminismos Sobre Rodas, GAAL – Grupo de Acção Antifascista de Lisboa, Greve Climática Estudantil – Lisboa, HeForShe Portugal, HuBB – Humans Before Borders, Movimento Cannabis, Movimento do Centro contra Exploração de Gás, Rés do Chão – Associação pelo Direito à Habitação, SORO Collective, Tipping Up, Plataforma TROCA – Por um Comércio Internacional Justo e UMAR – União de Mulheres Alternativa e Resposta.
Foto: Climáximo