A Câmara Municipal de Esposende inaugurou, este sábado, o canal interceptor de protecção e gestão de riscos, cheias e inundações da cidade, obra que ultrapassou os 5 milhões de euros, e anunciou a construção de sistemas idênticos em outros locais do concelho.
Segundo o presidente da autarquia, aquela solução para “a segurança da população, das actividades económicas, do património cultural e do meio ambiente”, apesar de ser uma obra recente, “já comprovou a sua utilidade, em Janeiro último, aquando das inundações que fustigaram o país, nomeadamente em Lisboa e Porto, tal como sucedia em Esposende antes da construção do canal”.
Com a utilidade do canal interceptor “profusamente comprovada”, a Câmara está a estudar a construção de sistemas idênticos em outros locais do concelho, também afectados pelas inundações, avançou Benjamim Pereira, referindo que “este modelo está a servir de exemplo para outras situações no país”.
Considerando que “as alterações climáticas são o maior desafio que a humanidade enfrenta”, o autarca afirma a obra “reflecte a consciencialização para as questões da sustentabilidade, bem como para o avanço das tecnologias”.
Ao longo de 4,5 quilómetros, projecto, que obrigou à negociação da aquisição de mais de 200 parcelas, conta com diversos sensores de monitorização do caudal que, em tempo real, permitem o recurso a pontos alternativos de escoamento das águas. A ladear o canal foram plantadas cerca de 30 mil plantações, entre árvores, estacarias e arbustos, além de serem adoptados materiais de salvaguarda do património natural, nomeadamente da vida selvagem e dos habitats.
“Trata-se de uma abordagem ecossistémica para enfrentar um problema que era real para a população de Esposende. O Canal Interceptor à cidade de Esposende é um dos projectos com maior envergadura financeira alguma vez conseguidos para Esposende e visa diminuir o risco de inundações na área urbana de Esposende e evitar situações como aquela registada em 2013, quando as inundações lançaram o sobressalto sobre a população”, frisou o presidente da Câmara.
O autarca considera ainda que o canal, além de proteger a zona urbana de Esposende, face às inundações, “também será elemento estruturante no desenho urbanístico da cidade, criando um anel verde periférico”.
Benjamim Pereira que destacou o empenho do vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), José Carlos Pimenta Machado, e do ex-ministro Pedro Matos Fernandes “que soube reconhecer a importância do projecto e sempre teve espaço na agenda para vir a Esposende. Sempre tratou Esposende com deferência e sentido de Estado”.
Para o vice-presidente da APA, José Carlos Pimenta Machado, “o foco deste projecto é proteger a zona urbana, um grande projeto lançado aqui, em 2016, que já foi testado e permite proteger a população”.
Aurélio Neiva, presidente da Junta da União de Freguesias de Esposende, Marinhas e Gandra disse tratar-se de uma obra “que deixa orgulhoso qualquer autarca que tenha participado na sua construção”, destacando o “papel fundamental da Junta de Freguesia na negociação com os proprietários das mais de 200 parcelas de terreno”.
ZONA CRÍTICA
A construção do canal interceptor teve início em Julho de 2019, após o Ministério do Ambiente ter classificado a cidade de Esposende como ‘zona crítica’, no âmbito do Plano de Gestão de Riscos de Inundação, elaborado pela Agência Portuguesa do Ambiente.
Paralelamente ao canal, estende-se um circuito de visitação e prática desportiva que entronca na Ecovia do Litoral Norte e, futuramente, no Parque da Cidade, proporcionando novas opções de mobilidade suave.
O projecto desenvolvido pelo município acolheu o financiamento do Fundo de Coesão, ao abrigo do Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (PO SEUR).