O cancro do pulmão mantém-se como o tipo mais comum e o que mais mortes provoca a nível global. No entanto, uma nova preocupação surge do Atlas do Cancro, que mostra que o cancro do cólon está a registar um aumento significativo de casos entre os jovens adultos em países desenvolvidos. Este fenómeno associa-se a fatores como a obesidade e dietas pouco saudáveis.
De acordo com a mais recente edição do Atlas do Cancro, publicado pela American Cancer Society e pela Agência Internacional de Investigação do Cancro, em 2022, foram diagnosticados cerca de 2,5 milhões de novos casos de cancro do pulmão, resultando em 1,8 milhões de óbitos. Anualmente, a nível mundial, são registados aproximadamente 19 milhões de novos casos de cancro e 10 milhões de mortes, tornando esta doença a principal causa de morte.
O relatório, citado pelo jornal espanhol “El País”, destaca o preocupante aumento da incidência do cancro do cólon em jovens adultos em países mais desenvolvidos. Os investigadores apontam uma provável ligação deste fenómeno ao crescimento da obesidade e a dietas pouco saudáveis. Apesar de se ter verificado uma diminuição nos adultos mais velhos nestes países, a doença está a aumentar na faixa etária com menos de 50 anos.
Esta tendência de subida das taxas de incidência do cancro do cólon também é notória em países como o Equador e a Índia que estão a adotar estilos de vida mais ocidentais. Nestas regiões, a prevalência de fatores de risco como o consumo de alimentos ultraprocessados, a obesidade e o tabagismo também se encontram em crescimento.
Na Europa, os números são igualmente alarmantes. Mais de quatro milhões de novos casos e quase dois milhões de mortes são registados anualmente. «A Europa suporta mais de 20% da carga global do cancro, apesar de representar menos de 10% da população mundial», sublinham os investigadores do estudo.
O Atlas do Cancro revela que metade dos óbitos por cancro são atribuídos a fatores de risco evitáveis, como comportamentos ou hábitos pouco saudáveis. O tabagismo, por exemplo, é responsável por 20% das mortes por cancro e por, pelo menos, 17 tipos diferentes de cancro, resultando em mais de 2,6 milhões de óbitos por ano.
O consumo de álcool contribui para mais de 740 mil novos casos, e o excesso de gordura corporal está relacionado com, pelo menos, 13 tumores distintos. Para além disso, 12% dos tumores devem-se a infeções e 90% dos melanomas estão associados à exposição solar.
Em relação à incidência por sexo, o cancro da próstata e o do pulmão são os mais frequentes nos homens. Já nas mulheres, o cancro da mama é o mais comum, enquanto o cancro do colo do útero é mais prevalente em cerca de vinte países do continente africano.
Ahmedin Jemal, principal editor do relatório e vice-presidente da American Cancer Society, adverte que uma «proporção substancial dos casos de cancro» pode ser evitada «através da implementação de medidas de prevenção e controlo do cancro estratificadas em termos de recursos, como a promoção da saúde, o controlo do tabaco e a vacinação». Contudo, lamenta que «estas medidas não são implementadas da melhor forma em vários países devido à falta de vontade política».
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