Uma delegação do Parlamento Europeu foi impedida de desembarcar no Saara Ocidental. Entre os políticos declarados persona non grata está Catarina Martins, eurodeputada do BE, que foi “empurrada” para dentro do avião no aeroporto internacional de Laayoune.
A informação foi-lhes avançada por “pessoas que não estão identificadas e não há nenhuma ordem escrita”
Catarina Martins diz que é “absolutamente ilegal que Marrocos” não deixe os eurodeputados entrarem no território
Os eurodeputados pretendiam chegar a Laayoune, após o Tribunal Europeu ter decretado que eram nulos os contratos comerciais que “violavam a autodeterminação” do Saara – em causa estão vários acordos de agricultura e pesca. O objectivo era perceber de que forma é que esta medida estava ou não a ser cumprida.
Os eurodeputados foram obrigados, entretanto, a regressar às ilhas Canárias, onde darão uma conferência de imprensa para esclarecer o sucedido.
“Nós viemos cá numa missão de observação humanitária sobre esses acordos”, explica Catarina Martins, em declarações à TSF, adiantando que a comitiva integra também a espanhola Isabel Serra (Podemos) e o finlandês Jussi Saramo (Aliança de Esquerda).
Porém, quando tentaram desembarcar, foram impedidos por serem consideradas persona non grata. A informação foi-lhes avançada por “pessoas que não estão identificadas e não há nenhuma ordem escrita”.
“Todas as autoridades estavam informadas da nossa visita. Nós temos os passaportes, ninguém nos disse que não podíamos vir e, portanto, basicamente estão ilegalmente a impedir-nos de desembarcar”, garante.
Catarina Martins dá conta de que os políticos já entraram em contacto com as respectivas embaixadas, mostrando-se perplexa com a situação.
“As próprias autoridades marroquinas já sabiam que nós vínhamos. Esta situação é bastante estranha e é absolutamente ilegal que Marrocos não nos deixe entrar”, defende.
O Tribunal Europeu decretou que os acordos comerciais entre a União Europeia e Marrocos são nulos, tendo dando um prazo de alguns meses para que a situação seja resolvida. Catarina Martins denuncia, por isso, uma situação grave: “Estamos aqui numa situação de impasse. É uma situação bastante grave. É inaudito que nos tenham deixado vir até aqui e agora não nos deixem desembarcar.”
A Frente Polisário, autoridade legítima do Saara Ocidental, diz, também foi avisada sobre esta visita.
ovilaverdense@gmail.com