Uma delegação da CDU esteve à porta do Hospital de Braga em defesa do Serviço Nacional de Saúde e para exigir um maior investimento naquela unidade que presta cuidados de saúde a cerca de 1.2 milhões de pessoas dos distritos de Braga e Viana do Castelo.
Outra mensagem que Sandra Cardoso, cabeça-de-lista da coligação PCP/PEV pelo circulo de Braga, passava por explicar que os problemas do Hospital “não resultam do fim da PPP [Parceria Público-Privada] mas sim da falta de investimento no SNS”.
“Apesar da persistência da carência de meios por responsabilidade dos governos do PS, o Hospital de Braga apresenta indicadores que superaram significativamente a actividade contratualizada com o Estado, em áreas tão relevantes como as primeiras consultas, consultas subsequentes e cirurgias, comprovando o acerto da decisão de reversão da PPP de gestão clínica do hospital”, afirma a CDU.
Em contraponto, acrescenta Sanda Cardoso, “durante 10 anos de gestão privada do Hospital de Braga foram muitos os impactos negativos que afectaram Braga e a sua população”, nomeando “a recusa de medicamentos a utentes, a transferência indevida de utentes para outros hospitais, o corte de serviços em várias especialidades médicas ou ainda o encerramento das urgências pediátricas durante a noite”.
“FEROZ PROPAGANDA”
Referindo que o fim da PPP foi “uma importante decisão” para a qual foi “decisiva a constante intervenção da CDU”, Sanda Cardoso diz que “era de prever” a “feroz batalha de propaganda, desvirtuando factos, omitindo dados fundamentais, explorando carências reais que persistem, procurando confundir a população e criar as condições para fazer andar para trás o que luta e a contribuição da CDU fizeram andar para a frente”.
“Perante a intenção de PSD, CDS, IL e CH de retomar a gestão PPP do Hospital de Braga, a CDU recorda que esta foi no passado uma expressão da política de entrega do SNS aos privados que o governo do PS não contrariou com medidas concretas de reforço dos meios disponíveis”, atira Sandra Cardoso.
Acompanha por João Pimenta Lopes, deputado ao Parlamento Europeu, Inês Rodrigues, Carmo Cunha, João Baptista, Catarina Marques, Ana Sofia Cabeleira e Ricardo Silva, candidatos à AR, a cabeça-de-lista comunista referiu que “há muito que a CDU tem vindo a alertar para a situação de falta de profissionais e de investimento no SNS. Esta situação tem impactos directos em todo o país e é transversal às diversas áreas e especialidades”.
“O Hospital de Braga tem vindo também a sofrer com esta situação”, frisou.
Sandra Cardoso lembra que a própria administração do hospital veio a público destacar que “não há cabimentação” para o investimento num projecto já existente, que prevê uma nova unidade que integrará cinco salas de bloco operatório de ambulatório (com capacidade para 10 mil cirurgias por ano), hospital de dia, consultas de grupo, consulta de oncologia e gabinetes de consulta externa.
A candidata lembra que na recente discussão do Orçamento do Estado para 2024, o PCP propôs a afectação de verbas com vista à sua ampliação da unidade de saúde, “tendo em conta que o hospital tem vindo a recorrer ao aluguer de instalações a privados para conseguir responder às necessidades de cirurgias”.
PROFISSIONAIS DE SAÚDE
Para assegurar os cuidados a que “os utentes têm direito, é necessário dotá-lo [SNS] de profissionais de saúde em número adequado”. “Sem trabalhadores da saúde, nos hospitais e nos centros de saúde, compromete-se o acesso às consultas, cirurgias, exames e tratamentos indispensáveis para a saúde dos portugueses”, frisa.
“As dificuldades na contratação e fixação de profissionais de saúde têm causas: sem condições de trabalho; sem carreiras dignas; sem progressão nem desenvolvimento profissional; sem remuneração justa – perdem-se trabalhadores para o privado ou para a emigração”, aponta a comunista, referindo que “o PCP apresentou nos últimos orçamentos do Estado propostas que valorizam, fixam e retêm esses profissionais no SNS”.
“Apesar das “lágrimas de crocodilo” de alguns, importa realçar que as propostas do PCP têm merecido a oposição por parte do PS, PSD, IL e Chega”, remata.