Na prisão de Munzenze, na cidade de Goma, República Democrática do Congo, centenas de mulheres foram violadas e queimadas vivas durante uma fuga em massa de criminosos, garantiu um alto funcionário das Nações Unidas, citado pelo jornal britânico ‘The Guardian’.
De acordo com vice-chefe da força de paz da ONU baseada em Goma, Vivian van de Perre, milhares de homens conseguiram escapar da prisão, tendo depois incendiado a área reservada às mulheres. Imagens tiradas logo após a chegada dos rebeldes do M23 ao centro de Goma revelam enormes colunas de fumo preto a subir da prisão da manhã do passado dia 27.
O porta-voz do gabinete dos Direitos Humanos da ONU, Seif Magango, disse à ‘CNN’ que a maioria das 165 prisioneiras que foram violadas pelos reclusos fugitivos morreram no incêndio. Entre nove e 13 reclusas, “todas elas também violadas”, terão sobrevivido ao incêndio, acrescentou Magango.
“Nós próprios não verificámos de forma independente o relatório do funcionário judicial, mas consideramos que o seu relato é credível”, apontou.
Na passada terça-feira, o Movimento 23 de Março (M23) declarou um cessar-fogo humanitário unilateral, poucos dias depois de ter tomado a cidade estratégica de Goma, no Kivu do Norte.
Porém, na madrugada de quarta-feira, eclodiram confrontos entre o M23, apoiado por forças ruandeses, e as forças armadas democrático-congolesas, segundo fontes de segurança e humanitárias citadas pela agência France-Presse (AFP).
Os combatentes do M23 e as forças ruandesas tomaram a cidade mineira de Nyabibwe, a cerca de 100 quilómetros de Bukavu, a capital de Kivu do Sul.
Os líderes da SADC (16 países) e da Comunidade da África Oriental (oito países) vão reunir-se este sábado para tentar trazer a paz à RD Congo, país que faz fronteira com Angola.
Espera-se que o presidente da RD Congo, Félix Tshisekedi, e o presidente do Ruanda, Paul Kagame, participem na cimeira na Tanzânia, depois de terem estado ausentes de anteriores conversações.
O Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas deverá também realizar uma sessão urgente sobre a violência na RDCongo esta sexta-feira.
A escalada de violência causou a morte de pelo menos 900 pessoas nos confrontos em Goma e 2880 feridos, de acordo com a ONU.
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Com Executive Digest