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Centro comercial de Guimarães paga 30 mil euros a criança ferida em parque infantil

Uma criança que ficou ferida num parque infantil instalado num centro comercial em Lordelo, no concelho de Guimarães, vai receber uma indemnização superior a 30 mil euros.

O acórdão do Tribunal da Relação de Guimarães, divulgado esta quinta-feira pela Lusa, confirma a decisão da primeira instância, condenando a sociedade que explora o centro comercial e a respectiva seguradora ao pagamento solidário de 30.074 euros, por danos patrimoniais e não patrimoniais.

Os factos remontam a 22 de Abril de 2018, quando uma menina estava a transpor uma das pontes no segundo piso do parque infantil e uma ou duas ripas cederam, tendo a criança caído de uma altura de três metros.

A criança sofreu uma fractura exposta na perna esquerda, nomeadamente, nos ossos da tíbia e do perónio, tendo tido necessidade de intervenção cirúrgica.

A entrada no parque infantil custava dois euros.

Os pais puseram o caso em tribunal, culpando o centro comercial pelo acidente, e foi-lhes dada razão. Para o tribunal, o equipamento “apresentava um defeito, o qual determinou a queda” da criança.

“Houve omissão do cumprimento da sua obrigação de inspecionar e de conservar o equipamento em causa e de reparar o defeito de que o mesmo padecia, havendo nexo de causalidade entre esta omissão e os danos sofridos pela criança”, refere o acórdão.

O proprietário do centro comercial alegou que cumpriu todas as regras e medidas de segurança que lhe eram exigíveis e que o acidente se deveu, única e exclusivamente, ao facto de a criança não ter cumprido com as recomendações fornecidas para a utilização do espaço de diversão.

Frisou, designadamente, que no parque havia indicações de que os utentes teriam de ter entre os 3 e os 10 anos, quando a vítima já tinha 11.

Mas o tribunal contrapôs que “não seria, certamente, pelo facto de a vítima ter menos uns meses de idade que o acidente não teria ocorrido”.

“Aliás, a invocação do aludido circunstancialismo como forma de justificar a não obrigação de pagar uma indemnização até poderia ser considerada como constituindo um exercício de um direito em termos clamorosamente ofensivos da justiça, desrespeitando o sentimento jurídico socialmente dominante”, acrescenta o acórdão, considerando que não existe qualquer nexo causal entre a idade da criança e a queda.

Diz ainda que o centro comercial “aceitou celebrar o contrato em causa [dois euros pela entrada] sem procurar inteirar-se da idade que a criança tinha ou, tendo-o feito, aceitando que esta acedesse ao equipamento apesar de ter idade superior” à permitida.

O centro comercial ainda tentou culpar a mãe da criança por se ter ausentado das imediações do parque infantil, mas também aqui o tribunal não lhe deu razão, argumentando que mesmo que a mãe estivesse por perto “a queda sempre teria acontecido”.

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