A Coindu justificou a sua decisão de avançar com o despedimento coletivo de 123 trabalhadores e o `lay-off` de 237 com a “grave situação de crise” que enfrenta neste momento.
Num comunicado, a empresa confirmou, como já tinha noticiado a Lusa, que “deu início a dois procedimentos de reestruturação organizativa”, nomeadamente um de `lay-off`, que abrangerá aproximadamente “237 trabalhadores, com a duração inicial de seis meses”, e um “despedimento coletivo”, de cerca de 123 trabalhadores, “dada a inexistência de alternativas por força da atual e projetada redução de atividade”.
Segundo a empresa de componentes têxteis para o setor automóvel, a “crise automóvel na Europa é conhecida e decorre de uma confluência de fatores económicos (forte recessão económica e consequente incerteza de mercado), ambientais e regulatórios (veículos elétricos e o seu elevado custo), tecnológicos e geopolíticos (barreiras comerciais e tarifas)”.
A empresa disse depois que a situação afetou, “desde o início do ano, mais de duas centenas de trabalhadores, em média, por mês, que embora dispensados da prestação de trabalho, mantiveram a retribuição por inteiro”.
Uma situação que, afirmou, “não é comportável por mais tempo, obrigando a que a administração da Coindu se veja forçada a tomar medidas de combate à grave situação de crise empresarial, de modo a prover pela respetiva sustentabilidade e viabilidade”.
Segundo o grupo, estas medidas têm “necessariamente de passar pela readaptação, reajuste e reestruturação da atividade produtiva” da empresa, ou seja, pela redução de pessoal.
Na mesma nota, a “administração da Coindu nota e faz notar que a implementação das referidas medidas foi prévia e devidamente dada a conhecer aos trabalhadores e respetivos representantes”, apontando a sua “firme intenção” de que “ambos os procedimentos decorram com a maior transparência e serenidade” e prometendo aos trabalhadores que “serão prestadas todas as informações e esclarecimentos”.
NOTÍCIAS VIOLENTAS
Na quarta-feira, Francisco Vieira, do Sindicato Têxtil do Minho e Trás-os-Montes, disse à Lusa que os processos de `lay-off` e despedimento coletivo foram comunicados na segunda e na terça-feira, tendo a administração considerado que se trata de uma “inevitabilidade”.
“Alegam a crise no setor automóvel e a consequente falta de encomendas. Dizem que aguentaram até ao limite, mas que agora não dá mais”, referiu então o dirigente sindical.
Segundo Francisco Vieira, a Coindu conta atualmente com 1.170 trabalhadores em Famalicão.
O sindicalista acrescentou que a empresa pretende este ano ter uma disponibilidade de entre 800 e 825 trabalhadores.
Em 2026, esses números deverão subir para 950 a 1.050 trabalhadores.
“São notícias muito violentas, há muita revolta e descontentamento, muita gente a sofrer por dentro”, disse Francisco Vieira, sublinhando que os visados serão essencialmente os mais novos na empresa, cujos despedimentos “ficarão, obviamente, mais baratos”.
Disse ainda que os problemas na Coindu começaram na pandemia de covid-19.
Em finais de 2024, a Coindu fechou a fábrica que tinha em Arcos de Valdevez, deixando sem emprego 350 trabalhadores.
Segundo Francisco Vieira, a empresa terá aberto “há meia dúzia de meses” uma fábrica na Tunísia, transferindo para lá parte da sua produção.
Em 2022, entre Arcos de Valdevez e Vila Nova de Famalicão, a Coindu empregava 2.100 trabalhadores.
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Com RTP