A coligação Juntos por Braga denunciou, em comunicado, que “desapareceram” 49 mil euros das contas de 2020 da Junta de Freguesia de Tadim e requereu a marcação de uma Assembleia de Freguesia extraordinária, que terá lugar esta quinta-feira, pelas 21h30, na sede da Junta.
No comunicado, os membros da oposição dizem que o autarca Manuel Faria (PS) terá dito que foram desviados 23 mil euros e acusado o anterior Tesoureiro, que entretanto se demitiu e foi substituído.
“O Vilaverdense” contactou o presidente da Junta e o ex-Tesoureiro, mas não obteve uma reacção, tendo o ex-responsável das finanças da autarquia dito que o faria ainda hoje.
Para esclarecer o caso, os quatro eleitos da Coligação Juntos Por Braga na Assembleia de Freguesia (Rolando Vilaça, Sérgio Sereno, Francisco Mano e Domingos Ourives) convocaram, para quinta-feira, uma sessão extraordinária do órgão para saber “o que se está a passar com os dinheiros, de quem é a responsabilidade da alegada falta de 49 mil euros e que procedimentos objectivos se adoptaram em conformidade”.
O caso rebentou na Assembleia de Freguesia de 15 de Junho, aquando da votação do Relatório de Gestão e Prestação de Contas. A Coligação detectou, por comparação com o mapa de caixa de 2019, a falta de 49.793 euros.
Confrontado com o facto, o presidente terá respondido, segundo dizem os elementos da Coligação, que “não tinha sido detectada nenhuma falta de dinheiro” mas não soube explicar o erro nas contas. Por isso, a votação foi adiada para 22 de Junho.
MUDANÇA DE SOFTWARE
A 19 de Junho foi enviado pelo autarca um e-mail aos eleitos da Coligação com as explicações do contabilista para a falta do dinheiro, em que se podia ler que “o problema devia-se a uma mudança de software e que se tinha esquecido de fazer o lançamento dos 49.793 euros”.
A seguir, na Assembleia extraordinária de 22 de Junho, para aprovar as contas, apenas foi entregue pela Junta o mapa de fluxos de caixa com a inclusão do valor em falta.
Aí, a Coligação perguntou onde estava o mapa de demonstração da execução orçamental com a inclusão da verba e, “para espanto de todos”, o presidente da Junta disse que não era necessário.
Por não existirem dados suficientes para validar as contas, a oposição votou contra, exigindo a entrega dos documentos todos, correctos e rectificados, e os extractos bancários necessários, permitindo assim fazer a “reconciliação bancária dos movimentos”.
DEMISSÃO DO TESOUREIRO
No dia 4 de Julho, – sublinham os membros da Assembleia – a Junta lamentou a demissão do Tesoureiro, Bruno Ferreira, dizendo, em comunicado convocar nova sessão extraordinária da Assembleia, proceder à sua substituição.
“É, no mínimo estranho e curioso, que a rematar essa mesma notícia se diga que também em comunicado, o Secretariado da Secção de Braga do PS refere que o presidente do executivo autárquico garantiu os procedimentos administrativo-legais em pleno respeito pelo exercício democrático”, assinalam.
A 12 de Julho, realizou-se nova Assembleia para substituição do Tesoureiro. Antes de se iniciar, foram os eleitos da Coligação chamados à parte e informados pelo presidente da Junta, na presença do Secretário e do Presidente da Assembleia, que o anterior Tesoureiro da Junta teria desviado aproximadamente 23 mil euros, tendo mostrado alguns documentos alusivos ao facto.
Seguiu-se a dita Assembleia de Freguesia extraordinária apenas para eleição do novo Tesoureiro, Fernando Vilaça. Na sessão propriamente dita não foram prestadas explicações sobre o que de facto aconteceu, se o dinheiro devido tinha ou não sido reposto e em que termos se tinham apurado as responsabilidades.
Face a essa situação, um dos eleitos da Coligação Juntos Por Braga interpelou directamente o Presidente da Junta, Manuel Faria, acerca das razões da substituição do Tesoureiro e que lhe parecia que estavam a tentar branquear a situação.
SILÊNCIO
O presidente da Junta manteve-se em silêncio e foi o presidente da Mesa da Assembleia de Freguesia, José Manuel Cunha, quem informou que esses esclarecimentos poderiam ser pedidos numa nova sessão extraordinária da Assembleia de Freguesia a ser convocada para o efeito.
Face à ausência de explicações do presidente da Junta, que – afirma a Coligação – “tem obrigatoriamente de as prestar, até porque é co-titular da conta bancária e não é suposto haver movimentos sem o seu consentimento ou autorização, os eleitos, utilizando um direito que legalmente lhes assiste, requereram a convocação de uma sessão extraordinária da Assembleia de Freguesia, para quinta-feira, dia 29 de Julho, pelas 21h30, na sede da Junta”.
ASSEMBLEIA SEM PÚBLICO
“Lamentamos, que ao contrário do que sucedeu em anteriores sessões, o Presidente da Assembleia de Freguesia, José Manuel Cunha, desta vez se tenha lembrado de proibir a presença de público invocando a pandemia de Covid-19 como se esse problema só agora existisse”, dizem-
E acrescentam: “Pela nossa parte, vamos exigir todas as explicações, apurar os factos e as responsabilidades, fazer com que a verdade venha ao de cima e identificar quem é que tem tentado esconder estes factos do conhecimento de todos os tadinenses”.
E a concluir: “De pouco vale, o senhor presidente da Assembleia de Freguesia proibir, só agora, a presença da população na Assembleia de Freguesia, porque nós assumimos o compromisso de divulgar a todos os cidadãos os factos, porque o que está em causa são dinheiros públicos para serem usados em benefício de todos os tadinenses”.