“Já é demais!”. É assim que o director da Companhia de Teatro de Braga, Rui Madeira, expressa a sua indignação face à repetição, em 2019, do atraso das verbas estatais a que tem direito do Ministério da Cultura.
“Temos subsistido com o apoio do mecenato exclusivo da empresa DST Group, que no último ano e meio já disponibilizou 150 mil euros. Isto já ultrapassa os limites da razoabilidade”, disse ao PressMinho/OVilaverdense.
Madeira sublinha que este é o segundo ano de pesadelo.“Em 2018, esperamos sete meses, este ano ainda não recebemos nada”, acusou, sublinhando que “gerir uma estrutura artística nestas condições é uma loucura”.
O encenador apresentou, na quarta-feira, a programação da companhia para 2019, cujos espectáculos só começam em Junho por falta de financiamento.
“FRAUDE”
Salientando que está em causa a vida e o trabalho de 18 pessoas, Madeira lembrou que “contratualizar serviço púbico com o terceiro sector é uma fraude, porque neste momento as pessoas não recebem, trabalham pro bono e pagam por isso”.
E prosseguindo nas críticas, disse: “alguém anda a tentar levar uma estrutura ao desespero e ao cansaço e não se consegue encontrar paz de espírito para o trabalho e, sobretudo, para o trabalho de criação”.
Para a CTB, “alguém terá de ser penalizado por esta arrogância, prepotência e défice de democracia da coisa pública”.
Em sua opinião, há uma clara ausência de políticas para a área. “Estamos à espera do número de compromisso do gabinete do primeiro-ministro, porque o Ministério da Cultura não tem lei orgânica”, afirmou.
Rui Madeira, que renovou o protocolo de mecenato com a DST Group, realçou que esta empresa “não é apenas o mecenas exclusivo, é o banco alimentar da Companhia”.
O PressMinho/O Vilaverdense contactou o Ministério da Cultura mas não conseguiu obter uma reacção.