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Consumo de álcool em excesso pode danificar funcionamento do cérebro dos jovens

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O consumo excessivo de álcool entre os adolescentes e os jovens, ainda que esporádico, pode provocar alterações na estrutura e funcionamento do cérebro.

Eduardo López Caneda, do Centro de Investigação em Psicologia (CIPsi) da Universidade do Minho, explicou que as investigações laboratoriais demonstram, ainda, que este consumo “pode afectar o desenvolvimento do córtex pré-frontal implicando que processos cognitivos a ele ligados apresentem um desempenho sub-óptimo, com importantes repercussões no futuro, quer a nível académico quer a nível social ou laboral”.

O «binge drinking» (BD) – o nome inglês para o fenómeno – relaciona-se, ainda, com anomalias neurofuncionais como as que “indicam uma certa predisposição para o «craving» ou seja, para o desejo de consumir a substância nalguns jovens”.

“Uma pessoa apresenta um padrão de consumo tipo «binge» quando ingere pelo menos cinco bebidas (quatro no caso das mulheres) numa única ocasião, dentro de um intervalo de 2 horas e com uma frequência de pelo menos uma vez por mês”, clarifica.

O professor cita relatórios europeus onde se estima que, um em cada cinco alunos portugueses com 16 anos tenham tido consumos tipo «binge» só nos últimos 30 dias, número que ascende a 28% nos que têm entre 14 e 26 anos.

Sublinha que estudos em animais mostraram que, “ratos adolescentes com ingestão do tipo binge experimentavam maior dano cerebral do que ratos adultos expostos aos mesmos níveis de consumo”.

A propósito, o cientista galego sublinha que, o fenómeno se conjuga, durante a adolescência e juventude, com a “imaturidade do córtex” pré-frontal, uma região fundamental para funções relevantes como a planificação, a tomada de decisões ou o controlo inibitório.

“Isto explica parcialmente o porquê de, aos adolescentes “custar-lhes” mais do que aos adultos pensar nas consequências futuras das suas ações imediatas, o que se tem relacionado com comportamentos de risco, tais como conduzir sob efeito do álcool, sexo inseguro ou abuso de substâncias”.

REDUÇÃO DA MEMÓRIA

O «binge» traz, ainda, “uma redução na memória verbal a curto-prazo, isto é, os jovens apresentam dificuldades na recordação de palavras previamente memorizadas, o que pode ter implicações no rendimento académico”.

Sugere, também, que “estes jovens têm um menor rendimento em tarefas que requerem a inibição de uma resposta motora, o que pode indicar uma reduzida capacidade no controlo de impulsos”.

Relativamente à atenção, diz que os estudos assinalam que os BD, tal como acontece com alcoólicos, apresentam um viés atencional para estímulos relacionados com o álcool (por exemplo, um cartaz com uma cerveja “fresquinha e espumante”).

Outro tipo de anomalias neurofuncionais associam-se ao que se conhece como a hipótese do continuum, que estabelece que o abuso/dependência do álcool são duas faces da mesma moeda. “Vários estudos mostraram que o BD se associa a uma hiperexcitabilidade cerebral durante estados de repouso que se assemelha ao observado em populações alcoólicas”, afirma a concluir.

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