“Esgotadas”. Isto é o que ouve quem nestes últimos dias tem procurado nas farmácias de Braga máscaras de protecção respiratória contra o coronavírus Covid-19. Há quem as procure em casas de ferragem, arriscando-se a adquirir máscaras não indicadas, e mesmo aqui poucas restam.
O aumento do número de infecções e de mortes na Europa, a que se junta a percepção de que o governo português está em encarar a situação com alguma leviandade, levou muitas pessoas a correr, sobretudo desde o último domingo, às farmácias em busca de máscaras e aconteceu aquilo para que a Associação Nacional de Farmácias (ANF) já alertara em finais de Janeiro: total ruptura de stocks.
Nas farmácias Beatriz, Henriquina, Nuno Barros e Silva a resposta é a mesma: “estão esgotadas”. Resposta idêntica ouviu o PressMinho nas farmácias Santos e Braga, ambas do grupo Sofarma.
Na Pinheiro, o panorama é igual. “Nem os armazenistas têm mascaras para entrega”, diz fonte daquela farmácia.
“A produção não é suficiente para responder à procura nacional e muitas máscaras estão a ser exportadas para a China”, assegura a mesma fonte.
HISTERIA GLOBAL
Em declarações ao PressMinho, Cláudia Cunha Mota, directora do grupo Sofarma, confirma que “milhares” de máscaras estão a ser enviadas para a China, o epicentro do Covid-19.
O grupo, com sede em Gaia, adianta que a falta de máscaras não se regista só em Braga. “Não há máscaras nas farmácias do nosso grupo, como também não se encontram em nenhuma outra farmácia do Norte e em praticamente todas do país”.
Cláudia Cunha Mota fala em “histeria global”, dando como exemplo o que aconteceu no domingo passado com a venda em poucas horas de 400 máscaras na loja online. O grupo está a tentar adquiri-las em Espanha, também a abraços com uma dezena de casos de infecção confirmados.
A responsável justifica o aumento da procura com o “factor de proximidade”, ou seja, de casos “cada vez mais perto”, nomeadamente os primeiros casos suspeitos (todos negativos) no Norte do país e das primeiras mortes em Itália. Já o “factor Carnaval”, apontado por alguns para a falta das máscaras, é “insignificante”.
O PressMinho contactou a Associação Nacional de Farmácias mas ainda não recebeu qualquer resposta.