Pelo menos sete pessoas, sendo duas meninas de cinco anos e uma adolescente de 16 anos morreram, esta quarta-feira, num naufrágio de um barco com 180 migrantes a bordo junto ao cais de uma ilha das Canárias.
«Até ao momento, o naufrágio de um barco em La Restinga causou sete mortos: quatro mulheres, uma menor de 16 anos e duas meninas de 5 anos», avança o serviço 112 Canárias perto das 13h30 locais (12h30 em Lisboa).
No cais do porto La Restritrnga, na ilha El Hierro, onde decorreu o acidente, os serviços de emergência continuam em atuação.
O barco precário, chamado em Espanha de “patera” ou “cayuco”, virou para o mar ao chegar ao porto quando um barco de resgate com equipas de socorro se aproximava.
O naufrágio foi filmado pela televisão pública espanhola RTVE e resultou do facto de todas as pessoas a bordo se movimentarem para um lado. Com o desequilíbrio do peso, a embarcação virou.
Este video de @RTVCes es duro. Se ve el momento del vuelco del cayuco. Y se escucha un deseo: no, no, no…
Al menos seis personas muertas, cuatro mujeres y dos niñas, tras volcar el cayuco cuando iba a empezar el desembarco. Pudo ser aún peor. Qué tragedia. pic.twitter.com/2HBjE5QYE1
— Txema Santana ✳️ (@txemita) May 28, 2025
Em 2024, mais de 10 mil pessoas morreram no mar a entrar em Espanha
O arquipélago espanhol das Canárias, no Atlântico, onde tudo aconteceu, é uma das rotas mais usadas por migrantes que querem entrar na Europa de forma irregular. Segundo a organização não-governamental (ONG) Caminando Fronteras, morreram 10.457 pessoas no mar em 2024 a tentar entrar na Espanha, sendo 93% na rota atlântica. Esta «continua a ser a mais letal a nível mundial», vinca.
A Caminando Fronteras avança, todos os anos, com um relatório sobre os migrantes que morrem no mar a tentar chegar a Espanha, com base em dados oficiais e de associações de comunidades migrantes, testemunhos e denúncias.
Espanha, em 2024, aproximou-se do número recorde de chegadas irregulares de migrantes que atingiu há seis anos, com 63.970 entradas, um aumento de 12,5% face a 2023, diz o Ministério da Administração Interna espanhol. Em 2018, o país atingiu um máximo histórico: 64.298.
Em 2024, a maior parte das entradas foi feita por via marítima e, nessas, 73% do total, aconteceu na rota das Ilhas Canárias, na qual 46.843 pessoas tentaram alcançar território espanhol, mais 17% do que em 2023. O número de chegadas de migrantes às Canárias, este ano, diminuiu 35%.
O presidente do governo regional das Canárias, Fernando Clavijo, comentou, em relação ao naufrágio, que «a impotência é grande».
Clavijo pede ajuda europeia e regiões autónomas espanholas para acolher a chegada de migrantes às Canárias, sobretudo, para o acolhimento de milhares de crianças que chegam sozinhas.
Esta segunda e terça-feira, uma delegação de eurodeputados de diversos partidos esteve nas Canárias e avaliou a situação no terreno.
No final da visita, o líder da delegação, Javier Zarzalejos (Partido Popular Europeu, PPE), apontou uma «calma tensa» nas últimas semanas nas Canárias, pela diminuição da chegada de “pateras” e “cayucos”. Ainda destacou as melhorias nas infraestruturas e meios de resposta aos migrantes, mas admite que «são necessários esforços suplementares para reforçar os procedimentos de acompanhamento, incluindo os procedimentos de asilo e de retorno».
Zarzalejos afirma, ainda, que a aplicação do novo Pacto sobre Asilo e Migração da União Europeia (UE) «exige o reforço da cooperação e da coordenação», incluindo «para assegurar que todos os controlos necessários sejam efetuados de forma adequada e no pleno respeito dos direitos fundamentais».
«A delegação reafirma a importância do apoio da UE para ajudar El Hierro e as Ilhas Canárias a gerir eficazmente estes desafios», afirmou o eurodeputado, em comunicado do Parlamento Europeu.
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Com Expresso