O Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou que, em 2023, 10% dos bebés que nasceram em Portugal são filhos de mães brasileiras. Estes representam 8.583 nascimentos num total de 85.699.
Isto reflete o crescente fluxo migratório de Brasil para Portugal desde 2017, invertendo o decréscimo populacional, avança o estudo “Demografia em Portugal: Cenários para o Século XXI”, do Banco de Portugal.
Olhando para os nascimentos estrangeiros em particular, em 2023, 34,3% dos foram de mães brasileiras, um aumento significativo em relação a 2019, que registou 26,2%.
Assim, o número de crianças nascidas de mães brasileiras quase que duplicou em cinco anos, passando de 4.537 para 8.583.
Segundo a demógrafa Simone Wajnman, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), estes dados são positivos para Portugal.
«As estatísticas só contabilizam a nacionalidade da mãe, mas o impacto da imigração é ainda maior quando consideramos os filhos de pais brasileiros casados com portuguesas», diz, ao Público.
COMBATE AO ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO
Segundo a mesma, a imigração combate o envelhecimento da população, contribuindo para a economia.
Portugal está a enfrentar o declínio populacional, com média de 1,5 e 1,6 filhos por mulher. Assim, segundo o estudo do Banco de Portugal, sem os imigrantes, o cenário agrava-se.
Assim, o Governo aposta na atração dos mesmos, sendo que em fevereiro, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, de visita ao país, incentivou que os baraisleiros se mudassem para Portugal.
Apesar dos benefícios, estes fluxos trazem desafios. «Toda imigração gera algum incómodo para a população local, seja do ponto de vista cultural, seja pelos efeitos económicos, como o aumento da procura por habitação», afirma Wajnman. Por esta razão, defende que o Governo deve implementar políticas públicas que contra estes impactos.
A exemplo, Michelly Serotnik, de 27 anos, mudou-se para Portugal em 2020 e teve as duas filhas cá. «A rotina é muito mais simples aqui», diz, adiantando que vive em Setúbal com o marido. Ainda assim, é desafiante não ter uma rede de apoio na maternidade. Com isso, criou uma plataforma online para apoiar as mulheres que estão a passar pelo mesmo.
Há outras mulheres a destacar a segurança como fator atrativo de Portugal, incentivando-as a ficar. «O acesso a uma boa educação foi determinante para decidirmos ficar», diz Lívia Simanauskas, que vive na Trafaria com o marido e o filho e é natural de São Paulo.
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Com Agências