A conhecida “boneca russa” Matrioska (que reúne bonecas de tamanhos variados colocadas umas dentro das outras) é imagem que resulta das jornadas que a Escola Profissional Amar Terra Verde (EPATV) acolheu esta sexta-feira, sob o lema “O Direito das Crianças: da prática ao superior interesse”.
Esta imagem é sugerida pelo desenho feito por uma criança e apresentado pelo Juiz do Tribunal de Família e Menores de Mafra no encerramento das jornadas que encheram o auditório da EPATV – Escola que ostenta o Selo de Protetora de Crianças e Jovens.
«As várias pessoas (pai, mãe separados e os filhos) encaixam-se em harmonia, sem sofrimento e com respeito por todos, apesar de diferentes», sugere aquela escola, em nota enviada à nossa redacção.
FORMAÇÃO MULTIDISCIPLINAR
Joaquim Manuel da Silva entusiasmou o auditório quando veio ao encontro de algumas teses defendidas ao longo da manhã, especialmente a de que “os relatórios que não servem para nada devido à situação emocional dos envolvidos numa situação de divórcio”.
Sendo assim, há que restabelecer equilíbrios, identificar as necessidades não atendidas e restaurar a harmonia em triângulo e não em V, deixando o/s filho/s de fora”. Este Juiz, com uma formação multidisciplinar na área da Psicologia, Psicanálise e Filosofia, lembrou que um conflito entre pai e mãe “trava o desenvolvimento cerebral de uma criança” e ouvir dizer que o pai ou mãe “não presta é um mau trato brutal, pior que um abuso sexual”.
Os pais, os professores, os técnicos e os juízes não devem ignorar que s “crianças têm doenças físicas e psíquicas que os podem marcar para a vida toda e a separação dos pais gera enorme stress. Pior só a morte de um filho”.
Joaquim Manuel Silva socorre-se da sua experiência profissional (900 casos de divórcios sem um julgamento) para regulação da parentalidade para exigir que os “juízes devem ter conhecimentos interdisciplinares para julgarem melhor, sabendo que apenas 95% dos nossos atos tem como origem o nosso inconsciente (conforme resulta das investigações de Carl Jung e Sigmund Freud, conferidas por António Damásio).
Ao Juiz resta resolver o conflito e restaurar a harmonia porque “todos os pais gostam dos seus filhos” e após a separação não acaba o “direito a ser pai ou ser mãe”. Deve estudar bem a família, pais, avós, tios, mas tem de sair do gabinete e “construir a rede e rentabilizar os meios”
FELICIDADE DAS CRIANÇAS
A felicidade da criança é a prioridade do Juíz de Família e Menores, até porque, segundo William James, “o pássaro não canta porque está feliz; o pássaro está feliz porque canta”.
Mais, “o exercício da autoridade só serve quando ajuda a crescer” e o juiz deve promover os direitos de quem está numa situação de fragilidade porque “as pessoas só mudam quando estão à rasca”.
As jornadas foram organizadas pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Vila Verde.
A sessão abriu com uma interpretação de um Exercício musical de Czerny por Maria João Borges, da Academia de Música de Vila Verde, seguindo-se a saudação do Diretor Geral da EPATV, Escola com Selo de Protetora dos Direitos das Crianças e Jovens, com manifesto carácter “inclusivo que recebe todos os jovens de Braga, Amares, Terras de Bouro e de Vila Verde”.
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